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Maioria desconfia de transgenicos

CB, Brasil, p.15
27 de Jan de 2004

BIOTECNOLOGIAMaioria desconfia de transgênicosPesquisa mostra que 73% da população não concorda com a liberação de organismos geneticamente modificados, sem que haja aval científico sobre a segurança desses produtos

Sandro LimaDa equipe do Correio

De cada dez brasileiros, sete são contra os transgênicos. Segundo pesquisa feita pelo Ibope, 73% da população não quer a liberação dos transgênicos no país até que exista consenso na comunidade científica a respeito da segurança desses organismos para o meio ambiente e a saúde humana. O levantamento foi realizada em dezembro e ouviu 2 mil pessoas.   Encomendada pela organização ambientalista Greenpeace, a pesquisa serviu de base para que o grupo ambientalista realizasse ontem um protesto contra as modificações feitas no projeto de lei de Biossegurança que tramita no Congresso. Dez ativistas, sete vestidos e pintados de verde e três de preto, tentaram subir a rampa do Palácio do Planalto segurando uma faixa com a frase sete entre dez brasileiros não querem transgênicos. Contidos pelos seguranças, seguraram a faixa por alguns minutos na base da rampa.   Os ativistas do grupo vão utilizar a pesquisa para tentar convencer os parlamentares a não permitir a entrada de transgênicos no Brasil. Segundo o Greenpeace, foi lamentável a atitude do relator do projeto, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), de modificar o projeto original enviado pelo governo ao Congresso.   Com a mudança, a Comissão Técnica Nacional de Biotecnologia (CTNBio) ganha autonomia para decidir sobre a liberação de pesquisas com organismos geneticamente modificados. Antes, a decisão dependeria da aprovação do Ministério do Meio Ambiente. Os ambientalistas também estão insatisfeitos com a redução da representação da sociedade civil na CTNBio   Segundo Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de engenharia genética do Greenpeace, com a mudança o Ministério do Meio Ambiente passa a ser um mero carimbador de pareceres. Para ela, a competência de exigir o licenciamento deveria ser do ministério, como estava no texto original.   O princípio da precaução foi deixado de lado, reclama Vuolo. Isso abre caminho para que qualquer empresa introduza transgênicos no país sem ter que comprovar que seus produtos são seguros para o meio ambiente e para a população.   As reclamações do Greenpeace — que protocolou na Casa Civil um pedido para a retirada do projeto da pauta de votação, e a retomada das discussões em torno do projeto original — não sensibilizaram o governo. O deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE), que será o novo relator em substituição a Rebelo, designado para o Ministério da Articulação Política, disse que manterá o relatório   Hoje e amanhã, os deputados da comissão especial que analisa o projeto de lei de Biossegurança discutirão algumas modificações no texto. Segundo o presidente interino da comissão, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), o projeto será votado pela comissão na próxima terça-feira e, no dia seguinte, seguirá para aprovação no plenário da Casa.

CB, 27/01/2004, p. 15

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