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Lula sanciona lei dos transgênicos, mas veta um artigo

OESP, Vida, p. A21
22 de Mar de 2007

Lula sanciona lei dos transgênicos, mas veta um artigo
Redução de quórum da CTNBio é mantida, porém cai liberação de algodão geneticamente modificado ilegal

Lígia Formenti

O presidente Lula aprovou, com vetos, o projeto que reduz o quórum da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) exigido para liberação comercial de sementes geneticamente modificadas. Vetou o artigo que liberava o beneficiamento e a venda de algodão transgênico ilegalmente plantado no País e que havia sido apreendido pelo Ministério da Agricultura em 2006. A decisão de Lula, tomada no último dia do prazo permitido por lei, na prática representa uma vitória para pesquisadores e uma derrota para ambientalistas, incluindo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Agricultores ficam no empate. Não conseguiram o precedente da venda de algodão irregularmente plantado (como ocorreu com a soja), mas tiveram a garantia de que processos na CTNBio obedecerão critérios mais flexíveis.

A nova regra poderá ser colocada em prática hoje numa reunião da CTNBio. Na pauta do encontro da comissão está prevista a votação em plenário de um processo para liberação comercial de milho transgênico, desenvolvido pela Bayer. Caso o roteiro do encontro seja mantido, já valerá a regra de que, com a maioria dos votos de membros da comissão, a liberação comercial é aprovada. Pela regra original, que vigorava até ontem, era exigido que dois terços dos integrantes da comissão votassem pela aprovação. Com a lei, o quórum cai de 18 para 14.

Desde que a CTNBio retomou os trabalhos, em janeiro de 2006, nenhum processo de liberação comercial de sementes transgênicas foi aprovado. A mudança do quórum há tempos vinha sendo defendida tanto por pesquisadores como por integrantes dos ministérios da Agricultura e da Ciência e Tecnologia. Uma minuta de decreto ficou meses em estudo na Casa Civil, contendo justamente essa alteração. O problema, no entanto, era administrar o desgaste que tal medida provocaria diante da ministra Marina Silva, que sempre defendeu a manutenção dos dois terços. A solução encontrada foi enxertar, numa medida provisória sobre a distância mínima exigida entre áreas de plantio de transgênicos e unidades de conservação, o artigo alterando o quórum. A mudança foi feita na Câmara. Além de acrescentar o artigo da CTNBio, deputados aproveitaram para incluir uma regra para permitir o beneficiamento de algodão irregularmente plantado no País, que havia sido confiscado pelo Ministério da Agricultura. As alterações foram aprovadas sem dificuldades na Câmara e mantidas no Senado.

Ontem, na justificativa do veto, Lula afirmou que a liberação do algodão abriria um perigoso precedente para comercialização de sementes transgênicas irregularmente plantadas no País.

OESP, 22/03/2007, Vida, p. A21

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