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Lula ficou 'iradíssimo' com lugar do Brasil no IDH, diz Gilberto Carvalho

O Globo, Economia, p. 28
04 de Nov de 2011

Lula ficou 'iradíssimo' com lugar do Brasil no IDH, diz Gilberto Carvalho
Segundo ministro, ex-presidente cobrou da atual equipe que defenda seu legado

Luiza Damé
luiza@bsb.oglobo.com.br
Martha Beck
marthavb@bsb.oglobo.com.br

BRASÍLIA. Os avanços consistentes, mas lentos, nas condições de vida da população apontados pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 2011 - referente ao ano anterior - levaram o ex-presidente Lula a descumprir, ontem, as recomendações médicas para que poupe a voz, devido ao câncer na laringe. Ele ligou para o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e reclamou de o Brasil ter subido apenas um degrau no ranking das Nações Unidas. Ressaltou que o país ainda é muito marcado pela desigualdade. Cobrou ainda da atual administração que defendesse o seu legado.
Segundo Gilberto, Lula estava irado e contestou a metodologia utilizada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). No fim da tarde, a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, convocou coletiva para comentar os dados e defender que os avanços brasileiros são muito maiores do que os captados pelo IDH.
- Ele (Lula) nos deu um telefonema iradíssimo hoje, disse que (o resultado) era injusto e que a gente tinha de reagir. Ele está bem vigilante e acompanhando cada passo - disse Gilberto, no seminário internacional Programa Cooperação Brasil Próximo, no Planalto. - Ele sabe que tem uma questão de metodologia nessa avaliação do Pnud e que os números brasileiros não foram utilizados. Entendemos que vale uma discussão em torno da metodologia usada. Temos consciência de que nossos indicadores sociais cresceram e seguem crescendo, mas não queremos entrar numa polêmica sobre isso.
Gilberto lembrou que, ano passado, o Pnud mudou a metodologia, e o país caiu no IDH. Ele disse que os técnicos do governo vão discutir com o Pnud a metodologia do IDH.
Tereza Campello afirmou que o relatório das Nações Unidas traz avaliação extremamente positiva sobre o Brasil. Ela, porém, criticou o fato de o Pnud usar dados defasados. No Índice de Pobreza Multidimensional (IPM), por exemplo, foram incluídos dados da Pnad de 2006 - a mais recente é de 2009:
- De 2007 a 2011, houve crescimento na renda pela valorização do salário mínimo que não está incorporado ao relatório.
As Nações Unidas tentam compatibilizar dados dos 186 países do ranking; vários não os atualizam como o Brasil.

O Globo, 04/11/2011, Economia, p. 28

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