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Lobão admite pedir economia de energia

O Globo, Economia, p. 28
29 de Mar de 2014

Lobão admite pedir economia de energia
É a primeira vez que o governo fala em redução voluntária no consumo

Mônica Tavares
monicao@bsb.oglobo.com.br
Geralda Doca
geralda@bsb.oglobo.com.br

O governo pode pedir que a população economize energia para evitar apagões, se o volume de chuvas não aumentar em abril ou maio e não houver recuperação dos reservatórios, conforme entrevista com o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, publicada ontem pelo "The Wall Street Journal". O jornal lembra que o Brasil será palco da Copa do Mundo em junho. Lobão admitiu pedir aos brasileiros que "reduzam voluntariamente" o consumo de energia. É a primeira vez que o governo fala em pedir economia de energia à população.
O ministro destacou que é "muito baixa" a possibilidade de falta de energia elétrica antes do início da estação chuvosa, em novembro. E garantiu que não haverá racionamento, apesar da onda de calor e da seca recorde vividas pelo país nos últimos meses. "Não estamos trabalhando com a hipótese de racionamento de energia", disse Lobão na entrevista. "Temos a convicção de que não será necessário."
Mas relatório do banco de investimento brasileiro Brasil Plural afirma, neste mês, acreditar que o racionamento não poderá ser evitado, de acordo com o jornal americano. A redução compulsória poderia ser um problema para a presidente Dilma Rousseff em ano de eleição. O país teve racionamento entre 2001 e 2002, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Lobão afirmou ainda que o governo não quer iniciar o programa de racionalização do consumo antes que seja absolutamente necessário para evitar uma propagação de medo de uma real escassez de energia. Agir agora "poderia ser interpretado como início de racionamento", disse o ministro ao jornal.
Um pico de consumo durante os jogos é improvável, apesar do grande número de visitantes, avaliou Lobão, uma vez que muitas empresas suspenderão o expediente em dias de jogo ou durante as partidas. Ainda assim, lembra o periódico, o governo instalou duas subestações de energia em cada um dos 12 estádios onde haverá partidas.
Diante da repercussão da matéria, o ministro buscou minimizar as declarações: divulgou nota afirmando que não recusaria recomendar aos consumidores seguir o seu exemplo pessoal e evitar o desperdício. E frisou que, apesar da redução do volume de água nos reservatórios, o sistema brasileiro é capaz de garantir o abastecimento do país.
Por sua vez, o presidente da Eletrobras, José da Costa, afirmou que potencial de economia de energia no país é de 10% do total do consumo por meio de racionalização. Mas este ano deverá ficar entre 2,8% e 3%, segundo a meta do Programa Nacional de Eficiência Energética (Procel). Anteontem, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que faz o planejamento do setor no país, informou que a demanda subiu 8,6% em fevereiro, na comparação anual.
Segundo Lobão, o governo não planeja cobrar mais das pessoas que não estão economizando energia, como aconteceu no racionamento do governo FH, quando havia multa para quem não cumpria a cota de energia. Cerca de 70% da geração de energia do país vêm de usinas hidrelétricas, que são fontes baratas, mas se tornam vulneráveis quando há longos períodos sem chuva, aponta o "WSJ".

O Globo, 29/03/2014, Economia, p. 28

http://oglobo.globo.com/economia/governo-estuda-pedir-que-populacao-eco…

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