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Litoral se mobiliza por nova estrada

OESP, Metrópole, p. C3
14 de Jan de 2008

Litoral se mobiliza por nova estrada
Projeção de crescimento da região e trânsito em feriados alimentam debate sobre ligação entre Itanhaém e Parelheiros

Rejane Lima

Com o trânsito caótico no litoral sul em feriados, a possibilidade da construção de um porto em Peruíbe e os avanços nas descobertas de gás e petróleo na Bacia de Santos, autoridades da região retomaram o debate sobre a construção de uma estrada que ligue Parelheiros, zona sul de São Paulo, a Itanhaém. Defensores do projeto alegam que parte da rota já existe. "É a Rodovia Coronel Branco, que precisa ser alargada, mas já está 80% asfaltada", afirmou o prefeito de Itanhaém, João Carlos Forssell (PSDB).

O prefeito disse que tem discutido o projeto - ele estima o custo em cerca de R$ 1,2 bilhão - com a iniciativa privada e pelo menos dois grupos, um nacional e um espanhol, já demonstraram interesse pela obra. "Eles estão avaliando o que é preciso fazer e se o investimento compensa, por isso prefiro não revelar os nomes, mas até a Ecovias (concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes) está estudando isso", disse Forssell.

A idéia é garantir a ligação entre o litoral sul e o planalto em 30 minutos."Acho que o momento é este. Ficou claro que o litoral sul vai ter grande desenvolvimento", argumentou Forssell. "É uma estrada absolutamente necessária. Com o Porto de Peruíbe, será importante para o escoamento da produção, além de desafogar o trânsito na temporada."

A idéia da estrada não é nova e já foram propostos vários traçados. Segundo o ex-deputado estadual, Erasmo Dias, hoje com 83 anos, a discussão vem desde os tempos quando Paulo Maluf era governador de São Paulo. O ex-deputado foi autor do projeto de lei 560, de 1994, transformada na lei estadual 9.851, de 24 de novembro de 1997, que autoriza o processo licitatório para construção da estrada.

Dias argumentou que todas as regiões da capital têm estradas que ligam para o interior, a Baixada e outros Estados. "Há um vazio no setor sudoeste. Lá não há nenhuma ligação com o litoral. É capenga", disse. "Quando eu imaginei isto aí não tinha nada de projeto de Rodoanel. O acesso começaria na Avenida Teotônio Vilela e de lá iria até Parelheiros, de onde há várias opções para seguir. Direto para Itanhaém não dá, então tem um caminho até Embu-Guaçu e de lá mais uns 8 quilômetros você já está no litoral. O trecho é mais curto que a Mogi-Bertioga."

Outros parlamentares também defendem a idéia. O deputado Vitor Sapienza (PPS) protocolou requerimento no dia 9 de novembro solicitando ao Estado informações sobre a construção da rodovia.

Luciano Batista (PSB), que é de São Vicente, tem conversado com o secretário dos Transportes, Mauro Arce, sobre esse e outros projetos que ajudariam a desafogar o trânsito na região. "Eu sou totalmente favorável (à nova estrada). Nós temos que programar o futuro, o futuro não passa só por novos viadutos na Imigrantes".

O diretor-executivo da Agência Metropolitana da Baixada Santista, Rubens Lara, disse que, além do constante crescimento do turismo, do Porto de Santos e do Pólo Industrial de Cubatão, a descoberta de grandes reservas de petróleo na Bacia de Santos vai demandar a abertura de novos acessos do planalto ao litoral nos próximos anos. "Eu não descarto nenhuma opção, a princípio eu acho muito importante. Agora, o que é melhor? Uma terceira faixa da Imigrantes ou uma outra estrada ao longo do litoral sul?."

Estado diz que projeto só sai em esquema de concessão

Rejane Lima

O secretário estadual dos Transportes, Mauro Arce, afirmou que não se opõe ao projeto de estrada entre Parelheiros e Itanhaém, desde que o Estado não tenha de colocar dinheiro na obra. "Se chegar lá um cara e disser assim: 'quero fazer a concessão', é difícil, porque não tem o projeto. Mas, se ele chegar com o projeto, a Artesp aprova", disse, ressaltando que os interessados terão de provar a viabilidade da proposta.

Segundo o secretário, é preciso um estudo comprovando que o volume diário de veículos justifica a execução da obra. "É o caso da Tamoios. Por que não se faz a duplicação? Porque em 85% do tempo está ociosa." Arce discorda da alegação de que a estrada estimulará o desenvolvimento. "Qual é a vocação da região? O Porto de Peruíbe vai sair? Temos de acompanhar, senão chego com estrada e, de repente, não há projeto."

Sobre impedimentos ambientais - o trecho é Área de Proteção Ambiental e corta o Parque Estadual da Serra do Mar -, o diretor de Avaliação de Estruturas de Transportes da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Marcelo Arreghi, disse que o licenciamento é possível. "Sendo de interesse público, a lei prevê exceção. Seria necessário um estudo e um relatório de impacto ambiental (EIA-Rima) e justificativa para investimento."

OESP, 14/01/2008, Metrópole, p. C3

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