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Litoral paulista é um berçário de tubarões

OESP, Geral, p. A11
17 de Ago de 2004

Litoral paulista é um berçário de tubarões
Pesquisadores identificaram 21 espécies na costa azul, mas eles não oferecem perigo

Herton Escobar

Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em São Vicente fizeram uma descoberta que vai soar assustadora para muita gente. As águas do litoral de São Paulo estão infestadas de tubarões. Em oito anos de pesquisa na região de Itanhaém, na costa sul, os cientistas identificaram 21 espécies do peixe - pelo menos cinco das quais utilizam a área como berçário, onde vêm anualmente para se reproduzir.
Mas não há motivo para pânico. A maioria dos tubarões bebês tem entre 35 e 70 centímetros e raramente chega perto da praia. Eles costumam ficar entre 3 e 15 quilômetros da costa, em uma faixa que varia entre 10 e 20 metros de profundidade. Já os adultos chegam ali apenas para procriar, e logo retornam para águas mais profundas.
"O berçário é uma área adequada para o nascimento e desenvolvimento dos filhotes, num período em que eles estão mais expostos a predação e com alimento abundante", explica o pesquisador Otto Bismarck Fazzano Gadig, coordenador do Projeto Cação, responsável pela descoberta. Entre os freqüentadores da maternidade marinha de Intahaém, estão duas espécies de cação-frango, que chega a 1 metro de comprimento quando adulto; duas de tubarão-galha-preta (2,5 m) e uma de tubarão-martelo (até 3 m).
A pesquisa é toda baseada no acompanhamento da captura de tubarões pelos pescadores artesanais da Praia dos Pescadores, também conhecida como Prainha. Desde 1996, os pesquisadores já analisaram mais de 16 mil exemplares de tubarões trazidos pela comunidade, que depois os comercializa com o resto do pescado.
Além de serem medidos e pesados pelos cientistas, muitos têm cabeça e vísceras arrancadas para estudo mais minucioso.
Grande berçário - A área do berçário, portanto, está limitada pelo alcance do barcos de pesca, entre Mongaguá e Peruíbe. Mas Gadig acredita que ela seja muito maior. "Imagino que haja berçários em todo o litoral de São Paulo", afirmou.
O objetivo é entender melhor a biologia básica e a dinâmica populacional de tubarões e raias no litoral paulista. "Por serem predadores de topo da cadeia alimentar, os tubarões desempenham um importante papel ecológico na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas marinhos", aponta Gadig.
"Preservar tubarões é preservar um dos mais importantes elementos para a saúde do sistema."
Cerca de 80 das 470 espécies conhecidas de tubarão ocorrem na costa brasileira, mas o conhecimento sobre seus hábitos e distribuição é muito escasso. A convivência com o homem é pacífica na maior parte do tempo, a não ser pelos ataques mais freqüentes registrados no Recife e associados a espécies agressivas, como o tubarão-tigre e o cabeça-chata. Nas costa Sudeste, apesar da abundância, os ataques são raríssimos.

OESP, 17/08/2004, Geral, p. A11

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