VOLTAR

Lideranças indígenas de MS se reúnem com autoridades e pedem ajuda após onda de assassinatos em aldeias

G1 https://g1.globo.com
17 de Jun de 2019

Lideranças indígenas de três etnias de Mato Grosso do Sul se reuniram na manhã desta segunda-feira (17) em Campo Grande, com representantes do Governo e Ministério Público Federal (MPF), solicitando mais segurança dentro das aldeias que ficam em Dourados, região sul do estado, após uma onda de assassinatos.

Segundo a polícia, só em junho deste ano, dos sete crimes na região, seis, foram registrados dentro das aldeias. Lideranças afirmam que o excesso de bebida alcoólica e venda de drogas, são os motivos para o alto índice de violência. A média registrada de assassinatos, foi de um a cada dois dias e meio, nos primeiros 15 dias de junho.

Os líderes indígenas também pedem o reforço de policiamento, aproximação das forças policiais com a comunidade, e a criação de políticas públicas específicas para o enfrentamento da violência dentro das aldeias.

O caso mais recente foi o duplo homicídio na madrugada deste sábado (15) na aldeia Jaguapiru, que integra a reserva junto com a aldeia Bororó. Tio e sobrinho foram assassinados com golpes de facão quando se dirigiam a um bar.

Segundo Gaudencio Benites, cacique da aldeia Bororó (etnia guarani), a polícia não vai ao local e só aparece quando capturam o suspeito. O indígena ainda reforçou que eles não impedem a presença da polícia, mas que eles [policias] só pedem para comunicar a liderança para eles ajudarem na entrada dos militares na comunidade.

A Secretaria de Justiça e Segurança Pública de MS (Sejusp) informou que ações acontecem regularmente nas aldeias, e reforça que somente neste ano, 75 ocorrências já foram atendidas. E ainda no mês passado, foi implantado o policiamento comunitário, tendo como comandante da guarnição um indígena.

Conforme a Sejusp, o comandante da corporação de Dourados, informou que quando o número de emergência apresenta dificuldade de atendimento, as lideranças indígenas entram em contato diretamente com o comandante, por meio do telefone funcional. Outra medida que deve ser implantada em breve nas aldeias de Dourados é o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) e o Projeto Diga Não ao crime.

De acordo com o Ministério Público Federal, uma reunião está prevista para o próximo dia 26 de junho, em Dourados, com a Secretaria Estadual de Cidadania e com os indígenas. O objetivo é achar soluções para o problema da violência na região das reservas.

Violência nas aldeias
A reserva indígena de Dourados tem a maior concentração de população indígena do país, cerca de 13 mil habitantes. De acordo com o MPF, entre os anos de 2012 e 2014, o Brasil teve uma média de 29,2 homicídios por 100 mil habitantes. Em MS, a taxa foi de 26,1.

Entre os indígenas de MS, este número sobe para 55,9. Já os indígenas da Reserva de Dourados enfrentam uma taxa de homicídios de 101,18 por cem mil habitantes. Os indígenas da região de Dourados morrem por homicídio a uma taxa de quase 400% superior aos não indígenas de MS.

https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/2019/06/17/lideranca…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.