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Licenciamento ambiental é dilema para chineses

OESP, Economia, p. B4
13 de Dez de 2015

Licenciamento ambiental é dilema para chineses
Empresários não entendem a dificuldade para a liberação de novas hidrelétricas na região amazônica

André Borges - O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Se o processo de licenciamento ambiental de obras de infraestrutura no Brasil já é alvo de críticas do empresário brasileiro, tente explicar essas exigências do setor elétrico para um empreendedor chinês. Aos olhos dos asiáticos, torna-se algo incompreensível.
Numa recente conversa realizada em Brasília entre empresários chineses e representantes do governo brasileiro, os chineses simplesmente não conseguiam entender as dificuldades de se liberar novas hidrelétricas na Amazônia. Basicamente, queriam apenas saber "qual é o preço" para autorizar o leilão da obra.
Compreende-se. Na semana passada, pela primeira vez na história, a cidade de Pequim emitiu um alerta vermelho por conta da poluição que toma conta da capital.
O mais grave alerta na escala levou à proibição de circulação de metade dos veículos, restrição da atividade de fábricas e obras a céu aberto, além da recomendação para que as escolas não funcionem. O governo recomendou ainda que as pessoas utilizem máscaras ou outras medidas de proteção.
Os grandes vilões das emissões de partículas no ar são, principalmente, as usinas de energia a carvão, a queima de combustível pelos veículos e as atividades das indústrias e da construção civil. Foram encontradas 206 microgramas de partículas por metro cúbico no ar, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera aceitável, no máximo, a presença de 25 microgramas por metro cúbico.
Na marra. "Eles estão aprendendo na marra. Para eles, nossa legislação não faz sentido", disse ao Estado um executivo brasileiro que atua junto a empresas chinesas em um dos maiores projetos de linha de transmissão do País, em plena Amazônia.
Dificuldades à parte, a investida chinesa sobre os projetos e ativos do setor elétrico brasileiro segue inalterada. No mês passado, a gigante China Three Gorges, que opera a maior hidrelétrica do mundo, venceu a licitação das usinas de Ilha Solteira e Jupiá, que pertenciam à Cesp, e se tornou a oitava maior geradora do País.
No radar da Three Gorges está o prometido leilão da usina de São Luiz do Tapajós, um projeto de R$ 30 bilhões que o governo quer leiloar em 2016. Nos planos oficiais do governo, São Luiz seria o último grande empreendimento de geração hidrelétrica previsto para a Amazônia.
Na área de transmissão, a chinesa State Grid tem dado as cartas. Já venceu os dois leilões das linhas de transmissão que vão escoar a energia de Belo Monte e atua ainda na linha da hidrelétrica de Teles Pires, na qual enfrentou sérias dificuldades de licenciamento ambiental.
Para o futuro, a empresa já sinalizou interesse em ativos de distribuição que serão colocados à venda pela Eletrobrás, além de projetos de energia solar. /
A.B.

OESP, 13/12/2015, Economia, p. B4

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