VOLTAR

Lago do Parque do Ibirapuera terá a primeira limpeza em seus 56 anos

OESP, Metrópole, p. C1, C3
02 de Out de 2010

Lago do Parque do Ibirapuera terá a primeira limpeza em seus 56 anos

Ana Bizzotto

Pela primeira vez desde que foi construído, em 1954, o lago do Parque do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, vai passar por um processo de limpeza e desassoreamento. Cerca de 4 mil toneladas de sedimentos serão retiradas do Lago 1, o primeiro dos três corpos d"água interligados do parque e que recebe as águas do Córrego do Sapateiro. Em um segundo momento, será feito um amplo estudo para a revitalização dos três lagos.
"Como a água perde a velocidade ao chegar ao parque, mais sedimentos se acumulam no Lago 1", explica o administrador do Ibirapuera, Heraldo Guiaro. Segundo a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, com o acúmulo de areia e sedimentos no leito do lago desde que o parque foi criado, a lâmina d"água ficou "bastante rasa". "O Lago 1 está muito assoreado. Em um ou dois pontos, a profundidade chega a zero", diz Guiaro.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cestesb) deve autorizar nos próximos dias a dragagem e, a partir deste aval, será emitida também a licença da Capitania dos Portos para iniciar o serviço. O trabalho vai durar quatro meses e será feita pela empresa VA Saneamento Ambiental Ltda., vencedora de licitação da Sabesp, com proposta de R$ 3,92 milhões.
O material será retirado do lago por um sistema de sucção subterrânea em balsa flutuante. Segundo o superintendente de Esgotos da Sabesp, Paulo Nobre, os detritos serão separados da água na margem do lago e encaminhados em caminhões para o Aterro da Estre, em Itapevi, na Grande São Paulo.
A secretaria informou em nota que o desassoreamento "fará com que o curso d"água fique mais fluido, abastecendo os outros dois lagos de forma dinâmica". "Vai aumentar a qualidade da água e o espaço para a ictiofauna (peixes), dando condições para o sistema reagir de forma mais saudável", afirmou Guiaro.
Causas. Para a coordenadora da Rede das Águas da SOS Mata Atlântica, Maria Luiza Ribeiro, o trabalho tem de ser feito, mas é preciso prestar atenção nas causas do problema para não "enxugar gelo". "Esses sedimentos estão vindo de longe. É preciso adotar medidas educativas para combater a ocupação desordenada de áreas de várzea e o descarte inadequado de lixo. Caso contrário, a obra terá vida útil curta, será dinheiro jogado fora."
Além do lodo acumulado, o lago do Ibirapuera recebe grande quantidade de lixo, retirada todo dia com um barco por funcionários do parque. Garrafas PET, embalagens de salgadinhos e sacolas plásticas são alguns dos resíduos que, com folhas de árvores, vão parar na água por causa da chuva e do vento.
Segundo o coordenador de manutenção do parque, Rodolfo Paulussi, de cinco a seis sacos de lixo são retirados por dia - cerca de 15 quilos. "Quando chove, o lixo retirado enche dez sacos."

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101002/not_imp618603,0.php

Peixes e aves terão de ser transferidos
Durante o processo de dragagem, uma rede será instalada entre os lagos 1 e 2 do parque

Ana Bizzotto

A Secretaria do Verde e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) iniciaram, há cerca de 15 dias, um estudo sobre os peixes do Lago 1 do Parque do Ibirapuera para verificar se haveria necessidade de manejo. Segundo Paulo Nobre, superintendente de esgotos da Sabesp, os peixes e aves terão de ser transferidos para o Lago 2 e uma rede será colocada para que não voltem durante a dragagem.
"Um biólogo vai acompanhar todo o processo. Vamos reconstruir a condição do lago com o mínimo de impacto possível", afirmou Nobre. Espécies nativas, como traíra e surubim, e outras exóticas, como carpa comum, lebiste e tilápia-do-nilo, compõem a fauna do lago, que também é habitado por anfíbios e aves como garça e mergulhão.
Além do desassoreamento do Lago 1, será feito um estudo para a revitalização dos três lagos artificiais, que juntos somam 126 mil m², para detalhar características geofísicas e biológicas. "Pretendemos iniciar o estudo neste mês. O objetivo é fazer um levantamento das espécies e camadas de sedimento para verificar as condições atuais do lago e projetar medidas sistemáticas para mantê-lo em boas condições a médio e longo prazo", explicou o superintendente da Sabesp. Segundo ele, uma grande equipe, que vai incluir até agrônomos e urbanistas, será formada para esse trabalho.
A qualidade da água de todos os lagos dos parques municipais é monitorada pela Secretaria do Verde, por meio do Índice de Qualidade da IQA. Em uma escala de 0 a 100, esse índice considera fatores como o oxigênio dissolvido e o pH da água. Além das amostragens mensais, uma amostragem de sedimentos é feita a cada ano. Para que a água dos lagos tenha boa qualidade, deve estar classificada de boa a regular na tabela do IQA.
No caso do Ibirapuera, segundo dados do Relatório 2009 apresentado pela secretaria, a qualidade variou entre boa e regular. No Lago 2, chegou a ser registrada qualidade ruim em agosto de 2009. A pasta afirma que uma das medidas adotadas para melhorar as condições do lago foi a modernização da estação de tratamento da Sabesp que funciona no parque. "Foi feita a limpeza do córrego do Sapateiro."
Lagos artificiais. Segundo a professora Waverli Neuberger, coordenadora do curso de Gestão Ambiental da Universidade Metodista, as características da água doce se modificam quando passa do rio para os lagos artificiais. "Primeiramente muda a velocidade da água. Muitos sólidos que são carregados e não sedimentariam no rio, sedimentam no lago", explica. "A oxigenação fica restrita às camadas mais superficiais e a decomposição fica mais lenta no fundo. Nos rios que cortam áreas urbanas, a situação se agrava porque eles carregam outros elementos, como esgoto e lixo"
A professora explica que o desassoreamento é essencial para a manutenção do lago. "De tempos em tempos, tem de fazer uma dragagem e retirar o lodo do fundo - porque senão a tendência do lago é cada vez ficar mais raso", afirma Waverli. "Mas quanto mais limpo os sedimentos estiverem quando chegarem aos lagos menor será a necessidade de manutenção. Muita matéria orgânica acumulada provoca a proliferação excessiva de algas, que diminuem a qualidade da água.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101002/not_imp618630,0.php

Condições de nove lagos da cidade serão estudadas

Ana Bizzotto

A qualidade de lagos artificiais como o do Parque do Ibirapuera também depende das condições dos vertedouros - sistemas hidráulicos que regulam o nível da água. A adequação desses equipamentos e das estruturas de contenção dos lagos de nove parques municipais, incluindo o Ibirapuera, serão alvo de um estudo encomendado pela Prefeitura, que já tem feito melhorias pontuais em alguns lagos.
A homologação da licitação para avaliação, diagnóstico e projetos executivos de adequação dos vertedouros foi publicada no Diário Oficial da Cidade no dia 21 de setembro. A licitação, no valor de R$ 588.124,83, foi vencida pela Hidrostudio Engenharia Ltda. O prazo para fazer os estudos é de 180 dias a partir do recebimento da ordem de serviço.
"Eles (Prefeitura) estão com pressa nisso. Vamos entregar na segunda-feira a garantia do contrato. Acredito que a ordem de serviço será dada semana que vem", afirma Ruy Juji Kubota, sócio e diretor da empresa.
Segundo ele, lagos geralmente são feitos em locais aterrados - o Ibirapuera é um deles. Muitos, portanto, estão diretamente sobre a terra. "Já os vertedouros são de concreto. Mas com tanta água mole em pedra dura, de vez em quando se deve dar uma olhada. Mesmo estruturas de concreto não são eternas."
A Hidrostudio vai inspecionar as estruturas de contenção e os vertedouros para avaliar se há problemas. "Temos de diagnosticar as condições para ver se precisam passar por reformas. Detectando algum problema, elaboraremos um projeto executivo claro o suficiente para que a Prefeitura contrate uma empreiteira para a obra. A meta é garantir segurança e durabilidade das estruturas", diz Kubota. Para ele, a preocupação da Prefeitura ao pedir o estudo é "não permitir que ocorra um novo acidente como o da Aclimação (veja acima)".
Segundo a Secretaria do Verde, "cuidados constantes" têm sido feitos em lagos de alguns parques. No Carmo, estudos de manejo estão "em processamento" e a batimetria foi feita. Houve plantio de 17 mil mudas nas margens e em 2007 foi instalado novo vertedouro. No Piqueri, foi feito plantio nas margens e no Alfredo Volpi o diagnóstico do assoreamento e plantio. No Cidade de Toronto, houve estudos de manejo e conservação.

Lista
Ibirapuera
Cidade de Toronto
Carmo
Piqueri
Alfredo Volpi
Burle Marx
Chico Mendes
Jacques Cousteau
Parque da Luz

Para lembrar
Reparo na Aclimação vai durar 5 meses

O lago do Parque da Aclimação, na região central, também está em obras, com o nível de água 1,5 m abaixo do normal - a profundidade varia de 1 m a 3,5 m. A obra de troca do vertedouro, sistema hidráulico que regula o nível da água, vai durar cinco meses. Uma chuva forte em 23 de fevereiro de 2009 elevou o nível da água e a parte inferior da tubulação se rompeu. O resultado foi o esvaziamento do lago em menos de uma hora. Lodo e vários peixes saíram pelo sistema de drenagem e caíram nas ruas vizinhas.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101002/not_imp618631,0.php

OESP, 02/10/2010, Metrópole, p. C1, C3

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.