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La, plumas da amazonia

OESP, O Brasil vai a China, p.H10
22 de Mai de 2004

LÁ, PLUMAS DA AMAZÔNIA As tradições indígenas brasileiras estarão expostas na célebre Cidade Proibida
MARIA HIRSZMAN
Nem só de política e negócios se constrói a aproximação entre Brasil e China. Nos últimos tempos, uma série de exposições realizadas no País vem despertando o interesse dos brasileiros por essa cultura milenar asiática. E, a partir de amanhã, os chineses terão o privilégio de conhecer um pouco mais da arte e da arqueologia amazônica, graças a inauguração, pelo presidente Lula, da exposição Amazônia: Tradições Nativas, que tem como atrativo extra o fato de ocorrer na célebre Cidade Proibida.
Esta é a primeira vez que o antigo Palácio Imperial - um dos mais importantes monumentos arquitetônicos do mundo, com 720 mil metros quadrados e mais de nove mil cômodos - se abre para a arte brasileira. E provavelmente se tornará um marco dos eventos culturais brasileiros no exterior. A visitação ao suntuoso complexo é impressionante, com índice de quase 20 mil pessoas diárias. As 344 peças selecionadas pela curadoria para mostrar a riqueza e diversidade da cultura amazônica ficarão à mostra por três meses.
A exposição, que ocupará um pavilhão de 400 metros quadrados do atual Museu do Palácio Imperial, é subdividida em dois núcleos. O primeiro contempla as origens da cultura amazônica, as riquezas materiais produzidas pelos povos que ocuparam a região, cujos primeiros indícios de povoamento datam de mais de 10 mil anos. Entre as peças selecionadas estão exemplos de urnas funerárias, cerâmicas de diferentes etnias (Guarita, Aristé e Maracá), machados de pedra e pontas de flecha. O predomínio de elementos em pedra e argila se explica pelo fato de ser extremamente difícil preservar a tradição material de uma região como essa, marcada por índices extremamente elevados de umidade.
Para o segundo núcleo foram selecionados objetos indígenas contemporâneos, com belos exemplos de arte plumária, cerâmica e máscaras rituais. "Os elementos de uma tradição cultural única na Amazônia desde a pré-história sobreviveram ao tempo e permanecem até o presente", afirmam os curadores Cristiana Barreto e Luís Grupioni, ressaltando que, dentre as questões mais presentes na mostra, estão os rituais funerários, as várias leituras dos mitos da criação e as relações míticas com a natureza.
Amazônia, que tem como patrocinadores a Companhia Vale do Rio Doce e a Embraer, é fruto de um processo de pesquisa iniciado com a Mostra do Redescobrimento e que já teve outros desdobramentos internacionais por meio de outras ações da BrasilConnects, como a exposição Unknown Amazon, realizada em 2001 no British Museum, de Londres.

OESP, 22/05/2004, p. H10

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