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Kremlin salva Protocolo de Kyoto

JB, Ciencia, p.A14
01 de Out de 2004

Kremlin salva Protocolo de Kyoto
Ministros russos apóiam tratado, que ainda deverá ser ratificado pela Câmara Baixa do país

MOSCOU - Depois de ter vários adiamentos, o conselho de ministros da Rússia finalmente apoiou ontem o Protocolo de Kyoto, tratado que pretende deter o aquecimento global, limitando as emissões de gases causadores do efeito estufa, já que, até 2012, os países desenvolvidos deverão reduzir suas emissões de poluentes em 5,2% em relação aos níveis de 1990. A aprovação russa é decisiva para que o acordo entre em vigor e deixa os Estados Unidos, onde o presidente George Bush o boicotou, virtualmente isolados.
O projeto será agora enviado à Duma, a câmara baixa do Parlamento, onde o Partido Rússia Unida, pró-Kremlin, detém a maioria absoluta dos assentos.
Segundo especialistas, o ''sim'' do governo é ''um gesto de boa vontade'' em relação à União Européia e à comunidade internacional e pretende facilitar a entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Para entrar em vigor, o tratado deve ser ratificado por pelo menos 55 países que respondam por 55% das emissões de CO2 dos países industrializados. No entanto, depois da decisão dos EUA de não ratificar o pacto, em março de 2001, a taxa de 55% só poderia ser alcançada com a aprovação da Rússia - que é responsável por 17% das emissões mundiais.
- O caráter particular da nossa posição é que tudo depende de nós. O futuro do protocolo de Kyoto está em nossas mãos - disse o vice-ministro russo de Relações Exteriores, Yuri Fedotov, no conselho de ministros. - Se nos negássemos a ratificá-lo seríamos marginalizados.
As autoridades russas não esconderam que a decisão foi política e ressaltaram que os interesses econômicos ainda não tinham sido demonstrados.
- É uma decisão política, forçada. Não é uma medida que adotamos com prazer - admitiu o conselheiro econômico do Kremlin, Andrei Illarionov, feroz adversário do protocolo.
Segundo Illarionov, a indústria terá que gastar milhões para se adaptar aos novos padrões ambientais, minando os planos do Kremlin de dobrar o Produto Interno Bruto em 10 anos.
Por outro lado, a Comissão Européia comemorou a notícia e disse esperar que Washington reveja sua posição. Apelo feito também pelo diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o alemão Kalus Toepfer:
- Outros países que, como a Rússia, se mostraram reticentes a ratificar, agora vão se unir à comunidade internacional, espero, em seus esforços para combater o efeito estufa.
Para Benito Mueller, especialista no assunto do britânico Instituto Real para Assuntos Internacionais, esta é a oportunidade do presidente Vladimir Putin de entrar para a história como ''o salvador do pacto''.
Durante os próximos três meses, ministérios e agências federais devem fazer um inventário de quais serão as obrigações e os direitos de cada um a partir do momento em que o protocolo comece a vigorar.
No entanto, o encontro de ontem não definiu quando a Duma começará a debater o protocolo e nem há uma data limite para que seja enviada a ratificação.
JB, 01/10/2004, p. A14

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