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Iniciada campanha contra complexo

Diário do Nordeste - diariodonordeste.globo.com
06 de Ago de 2008

Movimento quer que a Funai inicie trabalho de identificação das terras como pertencentes à tribo Tremembé

Representantes de entidades ligadas ao meio ambiente e povos indígenas discutiram, ontem, no Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), ações em relação ao complexo hoteleiro Cidade Nova Atlântida. Localizada na Praia da Baleia (no município de Itapipoca), a obra foi embargada através de uma liminar requerida pelo Ministério Público Federal, que alega que as terras onde o empreendimento pretende se instalar são ocupadas por indígenas da etnia Tremembé. Parte das famílias que vivem no local relatam ameaças, agressões e cooptação de membros da comunidade para que eles neguem suas origens étnicas.

Eles estão dividindo a comunidade com promessas de emprego e dizendo que nós não somos índios. Eles não podem vir de fora e dizer o que nós somos e o que nós não somos. A maioria quer continuar aqui, vamos lutar para não sair, defende a líder dos Tremembés, Adriana Carneiro de Castro.

A idéia é iniciar uma campanha contra a construção do empreendimento e para que a Fundação Nacional do Índio (Funai) crie um grupo de trabalho em regime de urgência para iniciar o processo administrativo de demarcação das terras dos Tremembés.

Queremos articular ações não apenas a questão dos Tremembés, mas também das demais etnias que vivem no Ceará. Existe todo um discurso de desconstrução da identidade indígena, que se aproveita da situação de miséria em que essas pessoas vivem, argumenta Maria Amélia Leite, da Associação Missão Tremembé.

Segundo Rodrigo Azevedo, diretor da HRA Brasil (representante no Brasil do grupo empresarial espanhol Afirma, que assumiu o complexo desde o início do ano), o projeto da Cidade Nova Atlântida quer trazer desenvolvimento para a área de forma sustentável.

E não poderia ser de outra forma. É impensável em nossos dias desenvolver qualquer projeto turístico que não seja social e ambientalmente sustentável. Se o projeto não for aqui, será em outro local pois a empresa tem opções. Quem vai perder é o Ceará pois este será um grande investimento, afirma.

Ele questiona os interesses que motivam a afirmação de que o local é uma área indígena e espera que a Funai se pronuncie sobre a questão. No último dia 4, a Funai informou que os trabalhos de identificação da área foram inseridos.

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