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Índios xukuru-kariri se contradizem em primeiro dia do julgamento

MPF/AL - http://noticias.pgr.mpf.gov.br/
09 de Nov de 2011

Juri popular segue durante toda a sexta-feira, no Fórum da Justiça Estadual, em Arapiraca, Alagoas

No primeiro dia de julgamento dos índios xukuru-kariri José Élson e Itamariano Ricardo da Silva foram ouvidas cinco testemunhas de acusação, uma de defesa, os dois réus, além da exibição, em vídeo, do depoimento de testemunhas colhidos na primeira fase do juri. Ao todo, os trabalhos da quinta-feira, 10 de novembro, no Fórum da Justiça Estadual em Arapiraca duraram 12 horas e foram retomados na manhã desta sexta-feira, 11 de novembro.

O juri, que é presidido pelo juiz substituto da 8ª Vara Federal em Arapiraca, Gilton Batista, e conta com a atuação conjunta dos procuradores da República José Godoy Bezerra de Souza e Samir Cabus Nachef Júnior, deve decidir ainda hoje se os irmãos Ricardo são culpados ou inocentes da morte de José Cícero Ramos da Silva e da tentativa de homicídio de Manoel Salustiano da Silva (Manoel Macário).

De acordo com os representantes do Ministério Público Federal (MPF) em Arapiraca, que ofereceram denúncia contra os réus, os debates orais de hoje são a oportunidade de mostrar aos jurados os quesitos da lei e, principalmente, a materialidade e autoria do crime pelos irmãos Ricardo.

O júri tem duas fases. A primeira, de instrução, segue o curso de uma ação penal ordinária. Recolhe os elementos mínimos que fundamentem a materialidade do crime e torna possível a audiência do tribunal do júri, fase que começou ontem e ainda está em andamento. Caso haja, no curso dos debates orais, réplica ou tréplica, o julgamento pode se prolongar por até 9 horas.

Testemunhas - Entre as testemunhas ouvidas ontem, o sobrevivente da emboscada, Manoel Macário, seu filho (e irmão da vítima fatal) Edvan, o antropólogo e analista pericial do MPF, Ivan Soares, o perito criminal da Polícia Federal, Guilherme Oliveira, além de uma testemunha-chave do processo, que é mantida sob sigilo por ter sido ameaçada. No depoimento dessa testemunha, o plenário foi esvaziado, por ordem do juiz Gilton Batista, ficando apenas o advogado de defesa, Lutero Beleza, os jurados e membros do MPF.

Das testemunhas de defesa, apenas uma prestou depoimento. As demais foram ouvidas por meio de gravações de vídeo, feitas na primeira fase do juri. Durante o depoimento, os procuradores suscitaram a possibilidade falso testemunho contra Wilson da Silva, uma vez que houve contradição entre o depoimento em juízo e o registrado nos autos, no curso da ação.

Contradição também presente na fala do réu José Élson Ricardo da Silva, que alegou à justiça e à polícia ter estado o dia inteiro em casa, no dia da morte de José Cícero Ramos dos Santos e, em juízo, afirmou ter saído mais cedo para receber de "Dilson", o pagamento por frutas que havia vendido para seu filho. Os réus de alegam inocentes e apontam um outro irmão Ricardo, o Dorgival, como o autor do crime. Para o MPF, uma estratégia previsível, tendo em vista o fato de Dorgival Ricardo estar foragido

Tensão - Os réus José Élson e Itamariano Ricardo da Silva permaneceram cabisbaixos, calados e aparentando tensão desde a chegada à audiência. Já a tensão na fazenda Canto, em Palmeira dos Índios, remonta à década de 80, quando começaram os conflitos entre as famílias Macário e Ricardo pela liderança política do povo indígena.

A fazenda Canto reunia todo o povo xukuru-kariri, em Alagoas, que foi dividido em consequência das disputas políticas. Hoje ainda é a maior, mais populosa, com cerca de dois mil índios, e a mais problemática, em função das disputas políticas.

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