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Índios vão criar banco de sementes

Jornal do Brasil-Rio de Janeiro-RJ
Autor: Abnor Gondim
06 de Dez de 2001

Os índios craôs, no norte do Tocantins, vão relatar uma bem-sucedida experiência agrícola no seminário de pajés organizado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), que será encerrado hoje em São Luís, Maranhão. Eles formam a única comunidade indígena do país que já obteve financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o projeto de resgate de sementes tradicionais cultivadas antes da chegada dos europeus. Também contam com apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
O seminário foi a primeira iniciativa no país para a criação de um banco de dados sobre conhecimentos indígenas. Tal acervo ficará à disposição de pesquisadores para assegurar pagamento de royalties à sabedoria dos curandeiros que for aproveitada em produtos industriais. No caso dos craôs, a Embrapa já assinou termo de compromisso para pesquisar a utilização de três plantas domesticadas pela tribo.

Resgate - Após três anos de negociações, a Associação das Aldeias Craôs obteve financiamento de R$ 560 mil do BNDES para a construção de uma escola agro-ambiental na área indígena. Lá, eles vão resgatar as antigas técnicas agrícolas dos mais velhos e receber orientações sobre manejo agrícola, apicultura e criação de animais desenvolvidos também por pesquisadores da Embrapa.

Na avaliação do indigenista Fernando Schiavini, da Fundação Nacional do Índio (Funai), os craôs estão recuperando o cultivo de sementes tradicionais que deixaram de ser plantadas por causa do avanço dos contatos com a civilização. Uma delas é uma variedade nativa do milho. ''A partir dessa semente, os colonizadores criaram as espécies híbridas e geneticamente transformadas que hoje são consumidas pelos próprios índios'', afirma.

Segundo a pesquisadora Terezinha Dias, da Embrapa, o resgate das sementes tradicionais começou em 1994. Quatro anos depois a pesquisa foi reconhecida pela Fundação Getúlio Vargas com o prêmio ''Ação Pública e Cidadania''. ''Eles estavam passando fome porque deixaram de plantar e compravam o que consumiam'', disse o indigenista.

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