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Índios são alvo de pedradas em festejo

O Povo - www.opovo.com.br
26 de Jul de 2008

Uma confusão envolvendo o povo indígena Tapeba marcou, ontem, os festejos em comemoração ao aniversário de 404 anos da Barra do Ceará. A etnia retornava à aldeia da Ponte, em Caucaia, pelo rio Ceará, e foi surpreendida por pedradas, nas imediações do conjunto Vila Velha. Conforme relato de passageiros, eram cerca de cinco homens. Um estaria armado. O indígena que liderava o grupo conseguiu impedir a ação do bando.

Seis barcos faziam um passeio no rio, perto da ponte entre Fortaleza e Caucaia. Um deles levava 20 tapebas. Ao término do festejo, os índios voltariam à aldeia, enquanto as outras embarcações retornariam ao ponto de partida, ao lado da ponte. Ao se aproximar do Vila Velha, a etnia ficou acuada com o arremesso de pedras. "Quando eu olhei, tinha um cara armado, apontando a arma. Não pensei nem duas vezes", conta Francisco Teixeira, 31, o Tanacurí Tapeba. Ele representava o pai, cacique Alberto. "Pulei dentro da água para ir atrás deles. Mas eles foram embora", completa.

Segundo Tanacurí, a atitude era para evitar que os três filhos e o restante dos indígenas fossem feridos ou que tiros fossem disparados. "Nunca precisei derramar o sangue de ninguém. Sou tapeba e dou a vida para defender o meu povo". Ele não soube avaliar qual seria o objetivo do bando. O barqueiro, conhecido como Moisés, também não tinha detalhes. Tanacurí agradeceu ao Deus Tupã pela integridade física do grupo. A etnia retornou ao ponto de partida e, uma hora depois, retomou a viagem.

De acordo com pescadores, não há informações sobre ações desta natureza na área. "Ninguém vai para aquele lado. Ficamos mais aqui para o lado do mar. Nasci na Barra do Ceará e nunca havia tomado conhecimento de algo assim", diz o pescador Élcio do Nascimento, 40. Nenhum tapeba procurou a Polícia. O 17o Distrito Policial informou que não há registros como este e que não foi procurado para fazer o boletim de ocorrência.

Passeio
Vários segmentos de moradores da Barra do Ceará e bairros adjacentes participaram do festejo. Houve uma procissão e, depois, o passeio de barco. Além dos tapebas, havia um grupo de torcedores do Ferroviário Atlético Clube, o maracatu Nação Iracema e a quadrilha junina Maria das Quadrilhas. Crianças e jovens do projeto ABC das Goiabeiras e alunos da escola Estado de Alagoas também compareceram.

E-MAIS

O histariador Adauto Leitão defende que a data é, também, o marco zero da história de Fortaleza. Ele afirma, por meio de estudos, que a cidade surgiu a partir do Forte de Santiago, cujas ruínas estão sob o Morro de Santiago.

Os barcos usados no passeio são os mesmos que fazem a travessia do rio Ceará entre e Barra do Ceará, na Capital, e Iparana, em Caucaia. A travessia custa R$ 1. O transporte dos tapebas, em ida e volta, custou R$ 300, conforme Moisés.

A procissão levava, sobre um caminhão do Corpo de Bombeiros, a imagem de Santiago. Conforme Adauto, a data em alusão a Santiago, 25 de julho, marca também celebrações em Santiago do Chile e Santiago de Cuba.

A Barra do Ceará, ele diz, surgiu em 1604. E a primeira Câmara Municipal, também naquela região, é da primeira década do século XVIII.

Um amistoso domingo, entre Fortaleza e Ferroviário, marca o fim dos festejos. O Clássico das Cores será disputado entre aspirantes, a partir das 16 horas, na Vila Olímpica Elzir Cabral. O ingresso é um quilo de alimento não perecível. A arrecadação será encaminhada ao povo tapeba.

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