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Índios querem mais que vacina

A Crítica-Manaus-AM
05 de Abr de 2005

Se não era uma atitude política no sentido de chamar a atenção para a situação precária em que vivem os indígenas brasileiros, quando Rita Lee cantou que todo dia, era dia deles, estava advertindo-nos disso. Com arte, é claro, mas de uma forma simples e direta, compreensível.

A mensagem, no entanto, é que parece nunca ter sido realmente captada pelas autoridades. Daí porque, ano após ano, a notícia que se tem é a de que a situação dos indígenas piora mais ainda.

Episódios ilustrativos disso foram as recentes mortes por desnutrição entre indígenas do Mato Grosso e outras decorrentes de agressões nas reservas Roosevelt e Raposa Serra do Sol, em Rondônia e Roraima respectivamente.

No Amazonas, a problemática indígena voltou a ficar em evidência no fim de 2003, ocasião em que vários índios do Vale do Javari, município de Atalaia do Norte, na região do Alto Solimões, morreram em decorrência de uma infecção que até hoje nunca foi bem explicada.

Mas foi no início deste ano que a questão indígena no Estado ganhou uma dimensão maior, quando um grupo de aborígines resolveu radicalizar em dois momentos para dizer que não estava nada satisfeito com o tratamento que vinha recebendo de quem lhe deve atenção e cuidados.

Primeiro, um grupo de índios ocupou a sede da Fundação Nacional de Saúde para protestar contra a precariedade e a ineficiência da assistência médica que recebiam. Depois, outro grupo, agora mais ampliado, decidiu que o mais conveniente era ocupar a sede administrativa da Fundação Nacional do Índio no Amazonas e de lá só sair quando o então administrador fosse exonerado, e um índio assumisse o posto.

No primeiro caso, pode-se dizer que a pressão funcionou em parte: verbas atrasadas para a assistência médica foram liberadas, e a direção local da Funasa comprometeu-se em cuidar melhor da assistência médica aos gentios.

Não por acaso o ministro da Saúde Humberto Costa abriu ontem, numa aldeia em Autazes, a campanha de vacinação indígena, cuja meta é imunizar 30mil gentios de 0 a 70 anos. No segundo caso, a questão continua pendente, mas com encaminhamento até aqui favorável ao pleito feito pelas lideranças indígenas amazonenses.

Afinal, como naquela outra música, índio agora não só quer apito, mas também apitar administrativamente as suas próprias questões. E por que não?

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