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Índios protestam em Roraima contra decisões do governo Bolsonaro

G1 https://g1.globo.com
Autor: Pedro Barbosa
31 de Jan de 2019

Entidades de defesa dos direitos indígenas se reuniram na manhã desta quinta-feira (31) para protestar contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL). A manifestação foi no Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena da Universidade Federal de Roraima, em Boa Vista.

O ato faz parte de uma mobilização nacional "Sangue indígena, nenhuma gota a mais", voltado para alertar possíveis perdas de direitos na atual gestão federal.

Cerca de 100 pessoas, dentre acadêmicos, membros de entidades indígenas e professores do Instituto participaram do protesto. Os índios fizeram danças típicas e levaram cartazes com reivindicações para a saúde, educação e direito à terra.

Dentre as principais reivindicações do manifesto estão as anulações da mudança de administração da Fundação Nacional do Índio (Funai) para o Ministério da Agricultura, da extinção da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), e da PEC 215, que transfere do Executivo para o Congresso Nacional a aprovação da demarcação de terras indígenas no estado.

Antes da manifestação, lideranças indígenas de mais de 200 comunidades do estado se reuniram em assembleia na Terra Indígena Raposa Serra do Sol onde elaboraram uma carta destinada ao presidente Bolsonaro, que já declarou ser favorável à "exploração racional" da reserva.

No documento endereçado ao presidente, eles fizeram nove reivindicações e cobraram respeito à demarcação da Raposa em área contínua, conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em 2019 completa uma década que os não-índios deixaram a área.

Para a coordenadora estadual da Organização dos Professores Indígenas (Opir), Edite da Silva Andrade, a luta pela educação indígena é uma conquista em Roraima e não pode ser ameaçada.

"Todos possuem o direito de estudar e observamos um retrocesso a nível nacional em diversos aspectos, como a extinção da Secadi, que é uma garantia fundamental dos nossos direitos a educação", pontuou Edite Andrade.

A coordenadora da Opir também destaca a luta em direito à terra. "Sem terra não temos nada pelo que lutar. E a transferência da Funai para outro ministério é uma ameaça a nossa base de lutas. Estamos alertas e não aceitaremos nem mais uma gota de sangue de nós. Essa causa não é apenas de indígenas, é da sociedade. Pois se fere a terra, todos sentem os impactos".

Já o coordenador do Conselho Indígena de Roraima (Cir), Enoque Taurepang, afirma que os indígenas não querem ser tratados como minoria e a busca por direitos conquistados é uma questão de sobrevivência.

"Nós não somos minoria, somos maioria. A minoria foi quem nos explorou por séculos e ainda está tentando fazer isso. Estamos aqui para dizer não a municipalização da saúde, não a transferência da Funai e não ao retrocesso de direitos dentro da Universidade. Doa a quem doer.", destacou.

Para Thelma Taurepang, coordenadora geral da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (Umiab), ainda há esperança de que o Governo Federal converse com as lideranças e mulheres indígenas. Ela também aponta dificuldades das comunidades roraimenses em relação às terras demarcadas no estado.

"Quando ocorreu a demarcação de terras aqui no estado nós não fomos beneficiados, pois o espaço que nos foi cedido não é fértil e sem contato com rios, no lavrado, sendo assim necessário que técnicos façam um tratamento no solo. Mesmo assim, crescemos, nos especializamos, e estamos buscando garantir o que foi conquistado até agora", afirmou a coordenadora geral.

https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2019/01/31/indios-protestam-em-…

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