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Índios Guarani de São Paulo marcam ato pela demarcação de suas terras

Revista Vaidapé- http://revistavaidape.com.br/
16 de Abr de 2014

Manifestação marcada para quinta-feira (17) promete reunir comunidades indígenas da capital paulista e pressionar o poder público por mais atenção aos seus direitos

ato guarani realUm evento convocado pelos indígenas Guaranis de São Paulo junto a Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), conclama para quinta feira (17) um ato pela luta por suas terras tradicionais. O ato acontecerá no Pátio do Colégio, centro da cidade, a partir das 16h, e contará com a presença de centenas de integrantes das comunidades paulistas afetadas pela falta de regularização das TIs (Terras Indígenas, reconhecidas oficialmente pelo Governo).

A Campanha Resistência Guarani de São Paulo visa pressionar o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a declarar as terras indígenas de Jaraguá, na Zona Norte, e Tenondé Porã, no extremo sul da capital paulista, como pertencentes as suas comunidades tradicionais.

A proposta de demarcação, que já aguarda assinatura na mesa do ministro, pretende garantir às comunidades o direito de viverem em regiões onde historicamente se agruparam. A necessidade deste reconhecimento deve-se aos diversos interesses existentes na região e os abusos que muitos grupos miliciosos impõe às aldeias visando apropriar-se de suas terras. A questão da apropriação das terras indígenas e a luta pelo reconhecimento e demarcação das mesmas não é restrita à capital paulista (segue link de uma reportagem da Vaidapé sobre a luta dos Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul).

As duas TIs são constituídas de seis aldeias diferentes no total. E garantir que estas terras pertencem às comunidades é permitir que seus habitantes possam exercer seu modo de vida, respeitando e mantendo vivos aspectos de suas culturas tradicionais.

No Jaraguá, região que historicamente serviu para a extração de minérios, especialmente ouro, atualmente existe o Parque Estadual do Jaraguá, que atrai diversos visitantes ao local. Com o adensamento da região, as interferências ao dia-a-dia dos povos indígenas são inevitáveis. Na região de Parelheiros, a Aldeia Tenondé Porã tem muito de seu sustento baseado na venda de artesanatos produzidos por seus membros. Lá, sofrem constantemente com a ameaça de um projeto de construção de um aeroporto particular em Parelheiros, proposta que vem sendo barrada na Justiça e que pode acarretar em mudanças drásticas em seu modo de vida.

Próximo à comemoração do Dia do Índio, 19 de abril, os guarani garantem " Dia do Índio, para nós, será o dia em que o Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo assinar o documento que garante a demarcação de nossas terras na Grande São Paulo". Sua fala atesta para a hipocrisia de um dia em que celebra-se uma cultura à qual constantemente a nossa sociedade tem negado a dignidade de existir. "O dia 19 de abril não é de festa, não é carnaval, não é Copa do Mundo. É um dia de luta, é a lembrança de genocídios e de mortes", reitera David Martim, liderança Guarani da aldeia Jaraguá na ocasião do lançamento da campanha "Índio é Nós" em São Paulo.

Para garantir que os direitos de nossos povos originários possam habitar suas terras e desenvolver sua cultura, é preciso atentar para situações como essa, em que uma cidade que continuamente desrespeita o direito de moradia de seus cidadãos diante de interesses empresariais e já eximiu praticamente todos os representantes e comunidades tradicionais aqui existentes. "O governo diz que vai cuidar, mas só extermina", complementou David.

Para não viver em uma cidade que, aclamada por sua multiculturalidade, insiste em ignorar e desrespeitar os direitos indígenas (assim como o fazem também as políticas federais direcionadas aos mesmos), tome as ruas pela demarcação das terras Guarani!

http://revistavaidape.com.br/2014/04/16/indios-guarani-de-sao-paulo-mar…

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