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Índios denunciam surto de malária

Folha BV- http://www.folhabv.com.br
Autor: Cyneida Correia
07 de Jun de 2014

A Hutukara Associação Yanomami denunciou aumento no número de casos de malária entre os yanomami nos últimos 10 anos, apesar do aumento dos gastos do Governo Federal com a saúde indígena. Segundo informações da entidade, o investimento aumentou seis vezes, mas, no mesmo período, a incidência de malária subiu de 41,8 por mil habitantes para 70,6.

A entidade denuncia custos com aviões para transportar doentes da Terra Indígena para Boa Vista. Em 2013, R$ 21 milhões foram para a conta de duas empresas de aviação, exatamente metade dos R$ 42 milhões despendidos pelo Ministério da Saúde em ações na área yanomami.

A reserva yanomami ocupa uma área de 9.664.975 hectares em Roraima e no Amazonas. A população é de aproximadamente 20 mil índios, divididos em 228 comunidades.

"Não falta dinheiro, mas faltam médicos, equipamentos e medicamentos. A saúde dos índios só piora!", dizem os representantes da entidade em documentos enviados ao Governo Federal e à imprensa, que destaca que hoje a saúde indígena não conta mais com assistência permanente de equipes de enfermeiros, médicos e profissionais de enfermagem nos polos-bases.

Os novos casos da doença, registrados na TI (Terra Indígena) Yanomami, expõem a baixa qualidade do atendimento à saúde indígena, segundo a Hutukara, que afirma, em um relatório, que 70 casos da doença foram registrados por servidores da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) na semana que passaram na região. Este número se aproxima da situação vivida pelo povo yanomami nas décadas de 1980 e 1990, quando tiveram as terras invadidas por milhares de garimpeiros.

"Apesar de o Governo Federal ter triplicado o volume de recursos enviados para a saúde nos últimos dez anos, o aumento no número de casos demonstra que algo está errado com a gestão dos recursos", aponta o relatório.

Além dos fatores que sempre contribuíram para a entrada da doença, como a presença constante de garimpeiros e frentes de colonização, consta que a Hutukara teria identificado problemas no gerenciamento do DSY (Distrito Sanitário Yanomami) e os consequentes efeitos na qualidade e intensidade das ações de controle da doença.

Conforme a Hutukara Associação Yanomami, o problema realmente é preocupante e as lideranças indígenas reclamaram, por diversas vezes. Inclusive com denúncias no Ministério Público Federal e encaminhamento de documentação do que está ocorrendo para Brasília (DF). Mas, até agora, nada mudou no quadro, segundo as lideranças.

MORTALIDADE INFANTIL - A mortalidade infantil dos índios yanomami atingiu o índice de 113 por mil nascidos vivos em 2013 - semelhante aos africanos Serra Leoa e Somália, assolados por guerras, conforme o relatório enviado ao Governo Federal. Para outros parâmetros de comparação, o coeficiente de mortalidade infantil no Brasil, em 2012, foi de 12,9 por mil nascimentos.

OUTRO LADO - A equipe de Reportagem da Folha procurou a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), mas, até o fechamento da matéria, às 20 horas, não houve retorno.

http://www.folhabv.com.br/Noticia_Impressa.php?id=168990

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