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Índios continuam em estado de Pobreza, sem nada pra comemorar

Tribuna da Bahia
Autor: Noemi Flores
18 de Abr de 2008

Apesar de anos de comemoração do Dia do Índio, 19 de abril, este povo alega não ter nada para comemorar, embora tenham sido os primeiros habitantes do país, sofrem toda a sorte de humilhação. Como a de ver suas terras serem invadidas por latifundiários, a da luta incessante pela demarcação e o sentimento de impotência por cada vez mais a sua cultura estar se esvaindo. A sobrevivência acontece de forma sofrida, principalmente pelas crianças, subnutridas, sem instrução e sujeitas a toda a sorte de endemias.

Porém a luta por dias melhores e posse de seu espaço é desencadeada em todo o país pelas comunidades índigenas. A exemplo das tribos Pataxó-hã-hã-hãe e Tupinambá, do extremo-sul da Bahia, que em fevereiro deste ano ocuparam durante dias parte da sede da Fundação Nacional da Saúde (Funasa) exigindo mais atenção para a saúde.

Mais de 70 índios estiveram alojados na instituição para cobrar dos governantes mais atenção para a saúde nas aldeias. Na ocasião, o cacique da aldeia Jitaí, da tribo Pataxó-hã-hã-hãe, Jurandir Araçari, falou do descaso da saúde, pois o atendimento médico nas aldeias era muito demorado. Só era feito no município de Itamaraju, a 30 quilômetros das aldeias, com um carro para 15 aldeias da região, onde moram cerca de12 mil índios. O mesmo fizeram os índios pataxós de aldeias do extremo sul do Estado que no final do mês de fevereirro também ocuparam o posto da Funasa, em Porto Seguro , a 705 km de Salvador. O cacique Ipê da Aldeia Velha, em Arraial D`Ajuda, onde vivem 664 índios, reclamou da falta de remédios e também do transporte dos doentes.

O triste é se constatar que o problema vem ao longo dos anos sem nada concreto feito, como denuncia Edmundo Santos, membro do Coedin (Comissão de Educadores Indígena). "As faltas de políticas públicas, a favor dos índios levaram os mesmos a um estado de empobrecimento crônico. Sem a política correta do governo mais da metade dos povos indígenas passam por privação alimentar. A Funai que foi criada em 1967 para trabalhar a sustentabilidade dos índios nada faz pelos os mesmos", acusa o professor em matéria veiculada no site www.indio sonline.org. br, intitulada "Apartheid social entre os índios na Bahia", que também faz acusações severas ao desvio de aplicação de verbas para as aldeias indígenas.

Edmundo Santos, que também é militante da Frente de Resistência e Luta Pataxó, faz um relato da atual situação das aldeias indígenas, informando que a população é formada por 19.715 índios baianos, mais da metade vivem em estado avançado de pobreza. Os povos: Arikosé, Pankararú, Atikum, Pataxó, Botocudo, Kaimbé, Tupinambá, Kantaruré, Xucuru-Karirí , vivem em total abandono.

Com base em dados de instituições, ele relata, no texto, que uma pesquisa recente feita pelo Unicef e o IBGE, os mais afetados com esses descasos são as crianças e adolescentes. Segundo dados do Unicef e do IBGE, vivem no Brasil 286.686 crianças e adolescentes indígenas, cerca de 45% desses meninos e meninas estão em situação de pobreza e metade deles não têm acesso à água potável.

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