Índio quer telha de barro

Índio quer telha de barro
O presidente da CDHU conta dos cuidados para construir quando surgem clientes especiais

Metrópole - A CDHU, que o senhor preside, já aprovou a construção de 200 casas para a comunidade dos índios guaranis de Parelheiros no ano que vem. Sua arquitetura vai respeitar a cultura indígena tradicional, como aconteceu com as 50 casas erguidas também para Guaranis, na região de Rio Silveiras, em São Sebastião, cujos tetos são de piaçava em vez de telhas, segundo orientação de antropólogos?
(NR. Essas casas devem ser entregues em um mês)
Raul David do Valle Junior - Em parte. Elas continuam com a predominância do espaço coletivo em vez de compartimentações, o que é próprio da cultura indígena. Mas os líderes de Parelheiros optaram por telhas de barro, em vez de piaçava e assim será feito. Devemos ter a acuidade para respeitar a tradição cultural e atender, ao mesmo tempo, as necessidades e expectativas de hoje. Tivemos exemplo recente disso, com o projeto para descendente de quilombolas .em Eldorado e Iporanga, no Vale da Ribeira. São 148 casas. Dois antropólogos, que foram voto vencido, sugeriram fazê-las de pau a pique.
Essas casas, que estão entre as 52 mil atualmente em produção pela CDHU, terão prestações bem baixas como as dos civilizados?
Não. São construídas a fundo perdido.
(Raul David do Valle junior, de 65 anos, morador nos Jardins)

JT, 20/09/2004, p. A4.