VOLTAR

Índio baleado: Advogado contesta polícia e afirma que vai mover ação contra Estado

Folha de Boa Vista - www.folhabv.com.br
26 de Set de 2008

O advogado Marcos Pereira, juntamente com seu assistente Fernando Matos, contratados pela família do índio Macuxi Gelbson da Silva, que foi baleado na perna direita anteontem por um policial militar no Município de Uiramutã, procuraram a Folha para rebater a acusação feita pela polícia, de que o indígena estaria armado com uma faca e teria reagido contra uma guarnição policial.

Conforme o advogado, Gelbson não estava armado como os policiais alegaram. O advogado informou que conversou com o médico que operou Gelbson na quarta-feira, no Hospital-Geral de Roraima, tão logo chegou a Boa Vista, e o profissional revelou que o tiro atingiu a perna de seu cliente por trás. "Portanto, isso já derruba a alegação dos policiais de que meu cliente havia investido contra eles com uma faca. Daí como explicar o fato de Gelbson ter sido baleado por trás?", argumentou.

Marcos Pereira contou que, conforme a versão do índio baleado, ele já estava na casa de uma tia e lavava seu rosto, quando uma familiar o avisou que os policiais estavam chegando para prendê-lo. Ele saiu correndo, ocasião em que os policiais foram atrás dele e começaram a atirar. De acordo com Gelbson, foram dados pelo menos três tiros e um lhe acertou. Ainda conforme a versão do ferido e de seu cunhado, depois de baleado, os familiares providenciaram a remoção dele para o avião, e não policiais.

Gelbson contou que estava indo para casa com sua irmã, quando desconhecidos tentaram agarrar sua irmã, ocasião em que ele lutou com os mesmos e acertou um dos desconhecidos na cabeça. "Depois disso, fui para casa de minha tia e pouco tempo depois os policiais chegaram", disse.

O advogado acrescentou que deverá ingressar uma ação contra o Estado, pela força excessiva durante a ação policial, e vai pedir que os policiais envolvidos no fato sejam punidos. Também pretende representar contra os organizadores de um comício que teve horas antes na comunidade indígena e posteriormente promoveram uma festa no local, onde tanto seu cliente quanto outros indígenas fizeram o consumo de bebida alcoólica. Explicou que a Lei Eleitoral proíbe organização de festas antes e depois de comícios.

TCO
O delegado Temair Siqueira, que está investigando o caso, explicou que após ouvir os policiais e o índio baleado, decidiu pela não realização do flagrante contra Gelbson e informou que foi aberto um inquérito por portaria para esclarecer o fato.

Porém, Gelbson vai responder no Juizado Especial a um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência) pela agressão a outro indígena, Rosimar de Lima Reis, com uma pedrada na cabeça. O delegado destacou que já ouviu Rosimar.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.