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Indígenas pedem exoneração do coordenador do Dsei-Leste durante protesto em Boa Vista

G1 https://g1.globo.com/
Autor: Pedro Barbosa
29 de Abr de 2019

Cerca de 450 indígenas acamparam na sede do Distrito Distrito Especial Sanitário Indígena Leste (Dsei-Leste), em Boa Vista, desde a manhã desta segunda-feira (29), para pedir a exoneração do atual coordenador do órgão, Armando Neto. Os manifestantes dizem que há falta de transparência e suspeitam de corrupção na atual gestão.

Segundo o membro da comissão do movimento indígena de Roraima em defesa dos direitos dos povos, Aldenir Wapichana, os manifestantes enviarão uma carta à Casa Civil e ao Ministério da Saúde pedindo a retirada de Armando e nomeação de Paulo Daniel da Silva Moraes.

Paulo Daniel é médico e trabalha com saúde indígena em comunidades de Roraima há 26 anos.

"Conhecemos sua história, e sabemos que ele sim tem conhecimento da nossa luta, dia a dia e necessidades. Falta medicamentos e transporte, e não vemos esses problemas serem revertidos, justamente por falta de interação do atual coordenador", disse Wapichana.

O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena de Roraima, Beto Góes Yanomami, salientou que os indígenas não estão recebendo remessas completas de medicamentos.

"Existem contratos que estão sendo licitados com uma quantia de remédios e só metade deles estão chegando. Estamos carentes de saúde e vemos traços sérios de corrupção dentro da Dsei, além da própria falta de transparência", pontuou.

O coordenador do movimento Juventude São Marcos, Fernando Lima, afirmou que consulta à povos indígenas é fundamental para que a classe política demonstre interesse em conhecer as necessidades das tribos.

"Queremos diálogo. Ser ouvidos. A atual coordenadoria toma decisões baseadas em interesses próprios, que afetam um serviço que é conquista nossa. Os políticos não nos conhecem, não sabem como vivemos, e por isso precisam nos consultar antes de qualquer coisa", reforçou.

Coordenador diz que tem 'feito o possível'
O coordenador do Dsei-Leste, Armando Neto, explicou que o órgão está passando por uma crise acarretada pelo incêndio que atingiu a sua antiga sede no ano passado, resultando em um prejuízo de R$ 6 milhões aos cofres públicos.

"Começamos este ano com falta de medicamentos e insumos básicos. É o pior momento do Distrito. A chegada de imigrantes venezuelanos em comunidades indígenas e o decreto de emergência na saúde do governo de Roraima também impactam nossos serviços, mas estamos fazendo o possível para que pelo menos os medicamentos não parem de chegar nas comunidades", dissertou.

Armando afirmou que entende as insatisfações dos manifestantes e disse manter contato com lideranças sempre que possível para tratar dos tópicos abordados em manifestações.

"As reivindicações são legítimas. Estou aqui há quatro meses, ainda conhecendo os servidores, e diagnosticando os problemas. Tenho dois anos de Funai, sou da etnia Wapichana, sei das necessidades dos indígenas e busco prestar esclarecimentos sempre que possível", complementou.

https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2019/04/29/indigenas-pedem-exon…

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