VOLTAR

Indígena sustenta 7 filhos com trabalho no lixão, em Boa Vista

G1/RR - http://g1.globo.com
Autor: Valéria Oliveira
11 de Set de 2013

Ganhando R$ 40 por dia, ele sustenta os sete filhos e a mulher catando lixo.
Prefeitura intensifica acompanhamento de quem atua ilegalmente no aterro.

O indígena da etnia Macuxi Clementino da Silva Ferreira, de 51 anos, sustenta os sete filhos e a esposa trabalhando como catador de lixo no aterro sanitário municipal de Boa Vista. Ele trabalha no local há 16 anos recolhendo papel, pedaços de madeira, alumínio, cobre e até restos de alimentos.

Por dia, conforme Ferreira, ele consegue até R$ 40. O material recolhido é vendido para a Cooperativa de Catadores, localizada no próprio lixão. O indígena disse que trabalhava em uma serralheria antes de ser catador mas, após a morte do patrão, ele foi convidado por um amigo para trabalhar no aterro sanitário.

De segunda-feira a sábado, o catador trabalha em uma rotina que se inicia às 7h e termina às 18h. Ele conta que escolheu 'viver' e trabalhar no lixão por ser uma forma de ter dinheiro todos os dias.

"Sei que não é um bom trabalho. Mas, tenho dinheiro todos os dias. Não preciso esperar o mês todinho para receber. Tenho que ter [dinheiro] diariamente para comprar pão para os filhos", disse.

Segundo o indígena, ele conseguiu comprar uma casa com o dinheiro que ganha como catador. "É uma casa simples, sem nada de luxo. Mas foi com o suor do que eu faço no lixão. É algo digno", explicou Ferreira, orgulhoso dos resultados do trabalho.

Ferreira destacou ainda que nunca levou os filhos para o lixão. De acordo com ele, é uma vida muito sofrida e não quer que eles convivam com a sujeira e a 'situação feia' que é encontrada no Aterro Sanitário de Boa Vista. "Se depender de mim, meus filhos nunca vão pisar aqui", declarou.

Apesar da vida sofrida, convivendo diariamente com mais de 700 toneladas de lixo que são depositadas por dia no local, disputando espaço com mais de 200 catadores do aterro e tendo que fugir dos urubus que sobrevoam o local, o indígena diz que não pretende parar o trabalho. "Só saio daqui no dia que isso fechar ou se eu for expulso", enfatizou.

Acompanhamento social

De acordo com a prefeitura de Boa Vista, o acompanhamento social às famílias que atuam ilegalmente como catadores de resíduos sólidos no Aterro Sanitário está sendo intensificado. O objetivo é conhecer a realidade socioeconômica dessas famílias e cadastrá-las para que sejam regularizadas por meio da Cooperativa Unirrenda. Elas também são orientadas para que não permitam a presença de crianças e adolescentes no local.

"Por isso, além de organizar a situação de trabalho por meio do fortalecimento da cooperativa, as famílias serão cadastradas nos programas sociais e as crianças e adolescentes serão inseridos em programas com bolsa para contribuir com a renda familiar", afirmou a secretaria municipal de Gestão Social, Tarciana Xavier.

A prefeitura municipal prevê a construção de um novo aterro sanitário que atenda as exigências do Ministério das Cidades sobre a destinação correta do lixo e impossibilite a permanência de catadores nas células.

http://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2013/09/indigena-sustenta-7-filh…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.