VOLTAR

Indecisões sobre áreas indígenas atrasam usinas

Valor Econômico, Capa, p. A1
05 de Jun de 2013

Indecisões sobre áreas indígenas atrasam usinas

Por André Borges e Bruno Peres | De Brasília

Um índio foi internado ontem, após ser baleado em Sidrolândia (MS), na mesma região em que outro indígena foi morto na semana passada. A Força Nacional de Segurança foi enviada à região. A crise aguda que se espalha pelo país entre índios e ruralistas não é o único reflexo da incapacidade do governo em definir critérios objetivos para o processo de demarcação de terras indígenas. O imbróglio já compromete seriamente o plano de expansão energética do governo.
A nova fronteira hidrelétrica do país está na Amazônia, berço de 58% da população de 817 mil índios que vivem no Brasil, e as dificuldades de licenciamento ambiental por conta de impasses com indígenas já comprometem o cronograma de pelo menos seis hidrelétricas. Juntas, essas usinas têm previsão de adicionar 11,4 mil megawatts (MW) ao parque gerador. Isso equivale a 10% da capacidade instalada atual e a mais da metade dos 19,6 mil MW que o governo pretende acrescer à matriz energética até 2021.
O caso mais emblemático de atraso é o de São Luiz do Tapajós (PA). Com seus 6,1 mil MW de potência, tinha previsão de iniciar as operações em 2017. O mesmo prazo foi dado a São Manoel, planejada para gerar 700 MW no rio Teles Pires, no Mato Grosso. Essas hidrelétricas estão com os cronogramas comprometidos. Na melhor das hipóteses, já acumulam dois anos de atraso. Caso o governo consiga concluir os estudos de viabilidade - o que tem sido feito com apoio da Força Nacional -, elas seriam leiloadas em 2014. Como o prazo de construção é de cinco anos, seriam acionadas em 2019.
Os conflitos também ameaçam a viabilidade de outros projetos considerados cruciais pelo governo. É o caso de três usinas previstas para o rio Jamanxim - Cachoeira dos Patos (528 MW), Jamanxim (881 MW) e Cachoeira do Caí (802 MW) -, além da usina de Jatobá, no Tapajós, com 2,3 mil MW. A dificuldade do governo em viabilizar novas hidrelétricas está estampada no próximo leilão de energia, previsto para agosto. Apenas uma hidrelétrica está cotada para ser oferecida ao setor privado: a usina de Sinop, no Teles Pires, um projeto de 461 MW.
Ontem, em encontro com indígenas no Planalto, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, admitiu que "tem muita coisa errada", ao se referir à construção de Belo Monte, no rio Xingu (PA).

Valor Econômico, 05/06/2013, Capa, p. A1

http://www.valor.com.br/brasil/3150122/indecisoes-sobre-areas-indigenas…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.