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Imperatriz promete carnaval grandioso para retratar cultura indígena

G1- http://g1.globo.com
Autor: Alba Valéria Mendonça
09 de Jan de 2017

O carnavalesco Cahê Rodrigues que fazer os índios do Xingu gritarem na Sapucaí. Encantado com a simplicidade da vida que as tribos levam no Parque Indígena e com a maneira como os índios se relacionam com a natureza, o carnavalesco vai levar um pouco desses hábitos e cultura para o desfile da Imperatriz Leopoldinense. E pretende surpreender na avenida.

"Vamos dar voz a esses índios, que clamam pela preservação da natureza, de suas famílias e da vida. Para isso, vamos fazer um desfile fora dos padrões da Imperatriz. As alegorias serão maiores, mais largas com muitos movimentos e efeitos. Vai ser um carnaval gigantesco, mas sem lantejoulas e sem brilho. Estou completando um ciclo de trabalho sobre a origem do brasileiro: já falei dos portugueses, dos africanos e agora termino com os índios ", revelou o carnavalesco.

A escola não poupar tecnologia. De acordo com o Cahê, todos os seis carros terão efeitos produzidos pelos artesãos de Parintins, e muita cor. Segundo ele, trata-se de um projeto ousado. Cada uma das 17 etnias que vivem no Xingu estará representada com as diferenças de cocares e adereços, nas cores e nos grafismos das pinturas corporais.

Diferentemente de outros carnavais, quando a escola usou luzes de neon, desta vez serão usados materiais mais rústicos, como palha, penas de pato, corda e sisal para mostrar a força da natureza. Os tecidos são mais simples. Nada de brocados. O brilho vai ficar por conta do momento em que a escola fala da cobiça dos colonizadores.

"Nesse setor vamos mostrar o brilho do ouro e das riquezas. Mas de uma forma geral, vamos fazer um desfile com muito verde, muita representação da exuberância da flora e fauna da floresta. Queremos propor um resgate de valores desse povo que é o verdadeiro dono da terra, que plantam, extraem e pescam, sempre respeitando a natureza. Vamos retratá-los como eles gostariam de se ver na avenida, da maneira mais fiel possível à realidade", explica Cahê, que em 2015 apresentou uma África pop, em tons vibrantes.

Cahê conta que a paixão pela vida indígena nasceu há dez anos, quando começou a trabalhar com artesãos de Parintins. Mas só no ano passado ele teve a oportunidade de acompanhado da sertanista Eunice Cariry, conhecer de perto as etnias que vivem no Parque Indígena no Xingu. Daí, para desenvolver o enredo para o carnaval de 2017 foi um pulo.

"O festival de Parintins é feito por índios. A gente convive com esse pessoal no barracão há anos, ouve histórias sobre a preservação da terra, da cultura e da luta dos povos da floresta. E de repente, descobre que é um povo que sofre muito para manter seus princípios, um povo que não tem voz, não tem seus direitos respeitados. Então, decidi aproveitar o carnaval para dar voz à luta dos índios. Vamos fazer um desfile para despertar a consciência das pessoas", afirmou o carnavalesco.

Polêmica em torno do enredo

No dia 3 de janeiro, uma reportagem de um canal de TV a cabo causou polêmica ao dizer que a Imperatriz Leopoldinense vai tratar em seu enredo o agronegócio como vilão e o índio como a grande vítima da cobiça dos fazendeiros. A reportagem mostra uma entrevista com um jornalista do Mato Grosso especialista em agronegócio, mas não ouviu nenhum representante da escola ou o carnavalesco.

O ataque ao enredo da Imperatriz fez Cahê sair em defesa de seu trabalho, numa rede social. O carnavalesco explica que em momento algum teve intenção de agredir o agronegócio.

"Nunca foi nossa intenção agredir o agronegócio, setor produtivo de nossa economia a quem respeitamos e valorizamos. Combatemos sim, em nosso enredo, o uso indevido do agrotóxico, que polui os rios, mata os peixes e coloca em risco a vida de seres humanos, sejam eles índios ou não, além de trazer danos em alguns casos irreversíveis para nossa fauna e flora. Mas também chamamos a atenção para o medo e a preocupação permanentes dos xinguanos, que a cada noite temem uma nova invasão de suas terras. Ou imaginam a catástrofe que a usina de Belo Monte desencadeará no ecossistema de toda aquela região, inundando aldeias, igarapés e levando na força de suas águas as chances de sobrevivência de sua gente. Tive a oportunidade de ver isso pessoalmente. Conversei com eles, ouvi a sua angústia", disse Cahê, que no carnaval de 2016, em enredo sobre a dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano, exaltou a lida do homem do campo e a importância da agropecuária do Centro-Oeste brasileiro.

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/carnaval/2017/noticia/imperatriz-pro…

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