FSP, Poder, p. A8
15 de Mar de 2013
IDH do Brasil melhora pouco no primeiro biênio de Dilma
Índice de Desenvolvimento Humano do país teve a menor alta dentre os Brics
Resultado manteve Brasil em 85o lugar no ranking mundial, de um total de 187 países, segundo Nações Unidas
Relatório das Nações Unidas destaca o Brasil como um dos modelos mundiais para o aumento de desenvolvimento humano, mas indica que essa melhora desacelerou na primeira metade do governo Dilma Rousseff.
O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil em 2012 o mantém no 85o lugar num ranking de 187 países, segundo informações do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) divulgadas ontem.
Seu índice é de 0,73 -sendo 1 o máximo possível. É um número parecido com o da Jamaica ou de Omã.
Entre 2010 e 2012, primeiro biênio de Dilma, o IDH brasileiro subiu 0,5%. É cerca de um terço da evolução do país tanto entre 2008 e 2010 quanto entre 2006 e 2008.
O crescimento no período é o pior dentre os Brics -grupo de emergentes composto por Índia, China, Rússia, África do Sul e Brasil. Nenhum deles teve nos últimos dois anos alta inferior a 0,7%.
A evolução do IDH brasileiro é também baixa quando comparada com a de países da América do Sul e com o México. Nesse conjunto, só Venezuela e Paraguai melhoraram menos que o Brasil.
O primeiro lugar de 2012 continua sendo da Noruega (0,955). A última posição é ocupada pelo Níger (0,304).
É difícil saber exatamente o que causou a desaceleração do Brasil nos últimos dois anos, uma vez que os componentes atualizados do indicador não foram apresentados.
É possível que o PIB (Produto Interno Bruto), que com Dilma cresceu em ritmo menor do que com Lula, seja uma causa, já que a renda é um dos três elementos do IDH -outros dois são saúde (expectativa de vida) e educação.
Representantes do Pnud também não apontaram uma causa e disseram que o ranking é mais fiel como um indicativo de longo prazo.
O governo federal questionou os dados. "A questão é: os dados brasileiros estão incorretos. A avaliação é injusta com o Brasil", afirmou a ministra Tereza Campello (Desenvolvimento Social).
A principal reclamação refere-se ao fato de o Pnud ter desconsiderado 4,8 milhões de crianças, entre 5 e 6 anos, que já iniciaram sua atividade escolar e que teriam ficado de fora do relatório (porque não foi considerada a ampliação do ensino fundamental de oito para nove anos).
Segundo o ministro Aloizio Mercadante (Educação), com esse indicador atualizado, o Brasil subiria 20 posições.
O Pnud diz que parte dos dados é antiga (de 2010 e 2005) porque é a única forma de comparar o Brasil com o resto do mundo.
Índice é útil, vai além da renda, mas deixa fugir pontos essenciais
Hélio Schwartsman
O IDH é útil para medir o desenvolvimento de um país, mas, como todo instrumento, tem limitações.
A principal vantagem do IDH, criado a pedido da ONU nos anos 90, é que ele não limita a medida do desenvolvimento a indicadores puramente econômicos, como o PIB per capita, ainda largamente utilizado. Além da renda, começaram a ser considerados -e valorizados- aspectos de saúde e educação.
A lista dos problemas, porém, não é pequena. O IDH, como todo índice compósito, simplifica demais a realidade. Para cada dimensão incluída em seu cálculo, podemos citar meia dúzia de tópicos igualmente relevantes que ficaram de fora.
O problema principal, entretanto, é que índices compósitos muitas vezes deixam escapar coisas essenciais. O melhor exemplo é o dos IDHs dos Estados.
A pontuação do Distrito Federal tomada isoladamente é comparável à da Holanda. A de Santa Catarina bate com a da Finlândia, e a de São Paulo, com a de Israel. Basta um passeio pelas ruas para constatar que não é bem assim.
FSP, 15/03/2013, Poder, p. A8
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/98706-idh-do-brasil-melhora-pouc…
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/98707-indice-e-util-vai-alem-da-…
As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.