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Ibama faz apreensão de 1.232 aves silvestres em Pernambuco

OESP, Vida, p. A30
27 de Set de 2008

Ibama faz apreensão de 1.232 aves silvestres em Pernambuco
13 foram presos, um deles após repreensão do ministro Carlos Minc

João Domingos

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apreendeu 1.232 aves, 15 jabutis, um tatu e um veado catingueiro em cinco municípios da Zona da Mata e do sertão de Pernambuco. Na operação, 13 pessoas acusadas de tráfico de animais silvestres foram presas. De acordo com cálculos do Ibama e de organizações não-governamentais, os animais valeriam cerca de U$ 3 milhões no mercado externo, principalmente europeu, levando-se em consideração que a média de preço no mercado final é de U$ 3 mil. Só que de 10 pássaros aprisionados, 9 costumam morrer antes de chegar ao destino.

Trezentos pássaros que estavam em boas condições de saúde foram soltos na Serra de Nova Jerusalém, a cerca de 30 quilômetros de Caruaru. Cerca de 25 minutos antes, agentes do Ibama e policiais da tropa de choque da PM de Pernambuco prenderam André Pereira da Silva, de 29 anos, que mantinha 250 pássaros num cativeiro montado num barraco na Favela do Morro do Bom Jesus.

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que foi pessoalmente a Caruaru comandar a soltura dos pássaros, quis conhecer o cativeiro. Ele subiu a ladeira do morro tendo por seguranças PMs armados de metralhadoras e fuzis.

Como costuma fazer nas operações de fiscalização, aplicação de multa e prisão que comanda, Minc passou uma descompostura em André. "Você sabe que está cometendo um crime?", perguntou. André respondeu: "Sei." Minc insistiu: "Você sabe que um pássaro destes, um cancão (de fogo) vale U$ 3 mil dólares na Europa?" Resposta de André: "Não sei nem quanto é uma passagem para lá." Minc: "E você pagou quanto por eles?" Resposta: "R$ 3." Minc, de novo: "E você vende por quanto?" André: "R$ 5."

Nessa altura, o preso chorava muito. A mulher dele também. André tentava tapar o rosto com a camisa do time do Sport que vestia. Minc insistiu: "Pois esse pássaro que você vende por R$ 5 aqui vale R$ 250, R$ 300 em Recife, Fortaleza, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro e U$ 3 mil na Europa. Tá vendo? Você só fica com essa merreca. E ajuda a destruir a fauna do Brasil, além de enriquecer os grandes traficantes. Só que eles não vão presos. Quem vai preso é você."

De acordo com Minc, essa foi a maior apreensão de animais silvestres na história do Ibama. Agentes do instituto, no entanto, disseram que é a maior desde 2003. A operação foi realizada nas cidades de Serra Talhada, Custódia, Sertânia, Belo Jardim e Caruaru. Entre as 35 espécies de pássaros, estavam galo de campina, tico-tico, azulão, papa-capim, patativa, canário-da-terra, cancão de fogo, asa branca, papagaios de vários tipos e bico-de-veludo. Este último, raríssimo, é todo azul, o mais bonito. É também o mais valorizado. Pode chegar a U$ 5 mil.

Minc disse que vai pedir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudanças na Lei de Crimes Ambientais. "Não é possível que uma pessoa que apanha um passarinho pague o mesmo que um que trafica 500 para a Europa. É o mesmo que um usuário de drogas pagar o mesmo que o maior traficante, o Fernandinho Beira-Mar." A lei prevê a cobrança de R$ 500 de multa por animal apreendido e detenção de seis meses a um ano, no caso de réu primário - até um ano e meio, em caso de animal ameaçado de extinção. O preso pode pagar fiança, fixada pelo delegado.

OESP, 27/09/2008, Vida, p. A30

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