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Homens disparam contra famílias Pataxó em área retomada na BA

Cimi - www.cimi.org.br
24 de Jul de 2008

As 23 famílias do povo Pataxó que, no dia 14 de julho, retomaram parte de seu território tradicional na região de Cumuruxatiba, no extremo sul da Bahia, continuam sofrendo ameaças por homens armados que à noite disparam tiros em direção aos índios. Os indígenas, organizados na Frente de Resistência e Luta Pataxó, decidiram retirar temporariamente as crianças e as mulheres prevendo um confronto com os pistoleiros.

Segundo as lideranças Pataxó, que batizaram o local de "Aldeia Pequi Velha", os pistoleiros, liderados por um ex-policial militar conhecido por Zezito, estão impedindo o carro que transporta estudantes da aldeia Alegria Nova para Cumuruxatiba de passar pela a estrada principal que dá acesso ao povoado. Com isso o veículo tem que dar uma volta de 20 km para levar os alunos até a escola em segurança.

"Nós estamos abandonados e sofrendo ameaças, mas não vamos deixar nossa terra, que foi invadida pelos fazendeiros que destruíram as nossas mata e ainda continuam agredindo a floresta", denuncia Zuza Pataxó, se referindo à falta de apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai) e à falta de providências em relação à retirada ilegal de madeira no interior do "Parque do Descobrimento" praticada por fazendeiros. Esta retirada foi descoberta pelos indígenas e denunciada ao IBAMA.

A situação tem se agravado pela morosidade no processo de demarcação do território indígena. A Frente de Resistência e Luta Pataxó, que reúne 12 aldeias, vem denunciando sistematicamente as falhas no processo de demarcação que têm beneficiado alguns invasores do território Pataxó a exemplo da Veracel Celulose e de empresas de turismo.

O povo Pataxó exige a correção dos limites do território apresentados nos estudos realizados pela Funai e pede agilidade no processo de demarcação. Enquanto a Frente de Resistência articula os apoios e organiza a luta, as famílias na retomada pedem a presença da Policia Federal no local para desarmar os pistoleiros e garantir a integridade física do grupo.

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