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Governo tenta desatar nó ambiental das usinas

OESP, Economia, p. B8
23 de Abr de 2007

Governo tenta desatar nó ambiental das usinas
Silas Rondeau diz que assunto será discutido na reunião do Conselho de Política Energética

Lu Aiko Otta

O dilema entre proteção ambiental e a necessidade de construir novas usinas hidrelétricas para evitar a repetição do 'apagão' será discutido na próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), disse o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau. O tema ganhou força depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se queixou, na semana passada, que as licenças ambientais para a construção do complexo hidrelétrico do rio Madeira não saem 'por causa do bagre'. A reunião do CNPE ainda não tem data marcada.

Conforme mostrou reportagem publicada na edição de ontem do Estado, o emaranhado institucional entre os governos federal, estaduais, municipais e Ministério Público na análise de impacto ambiental das novas usinas pode travar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O projeto de lei enviado pelo governo ao Congresso, com o objetivo de organizar as tarefas na hora de analisar os riscos ambientais, foi modificado pelo relator, deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR), e pode tornar o processo ainda mais complicado, segundo avaliação de especialistas na área ambiental.

'Vamos encontrar uma saída para o licenciamento prévio', disse Rondeau. Afinado com sua colega do Meio Ambiente, Marina Silva, ele afirmou que é preciso conciliar a necessidade de aumentar a geração de energia para dar suporte ao crescimento econômico e os cuidados ao meio ambiente. A licença para as usinas do rio Madeira não saiu ainda porque o Ibama analisa duas questões: o prejuízo que as barragens podem trazer à reprodução dos grandes bagres da região, como o dourado, e o risco de aumento no acúmulo de sedimentos no rio, que poderá prejudicar a própria geração de energia.

Caso a conclusão do Ibama seja contrária à construção das usinas no rio Madeira, a alternativa será a energia térmica a carvão ou nuclear, disse Rondeau. Ele admitiu que a usina a carvão será mais poluente do que a hidrelétrica. 'Mas a nuclear, não', disse. A construção da usina nuclear de Angra 3, porém, é tão polêmica que o governo Lula passou os últimos quatro anos sem conseguir chegar a uma decisão.

APERFEIÇOAMENTO

Para o presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, tanto o projeto de lei elaborado pelo governo quanto o projeto substitutivo do deputado Micheletto precisam de aperfeiçoamentos. 'Todo o esforço é para tirar incertezas de competência na hora de conceder licenças ambientais, e reduzir as demandas do Ministério Público para que sejam ouvidas outras esferas de governo', explicou.

'O projeto de lei original tinha esse objetivo, mas a redação de alguns artigos deixava brechas para dúvidas.' Segundo Godoy, o relator melhorou o texto do governo em alguns pontos, mas por outro lado introduziu dispositivos que trarão dor de cabeça aos investidores. É o caso do artigo 6, que dá a conselhos ambientais o poder de deliberar sobre as licenças. 'É tudo o que não queremos', resumiu.

OESP, 23/04/2007, Economia, p. B8

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