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Governo lança plano para combater praga do mexilhão dourado

GM, Saneamento & Meio Ambiente, p. A9
23 de Abr de 2004

Governo lança plano para combater praga do mexilhão dourado

Governo federal, usinas e distribuidoras de energia vão investir um total de R$ 800 mil para distribuir cerca de 2 mil panfletos nas cidades de Porto Alegre (RS) e Ilha Solteira (SP). Esta é a estratégia do Plano de Ação Emergencial do Ministério do Meio Ambiente para o combate à disseminação do mexilhão dourado.
O molusco, espécie exótica de água doce originada da China, que chegou à América do Sul há dez anos, se tornou um problema nas bacias hidrográficas do Sul do Brasil por conta de sua grande capacidade de reprodução e ausência de inimigos naturais na região. Atingindo concentrações de mais de 40 mil moluscos por metro cúbico de água, o mexilhão dourado obstrui tubulações de água, filtros e sistemas de refrigeração industrial, danifica turbinas de usinas hidrelétricas e causa alterações graves nas rotinas de pesca locais.
O plano emergencial lançado ontem em Brasília pela ministra Marina Silva se concentrará na "conscientização das populações destas duas cidades sobre os problemas causados pelo mexilhão", disse a ministra. De acordo com o assessor de Controle da Poluição Marinha do ministério, Robson José Calixto, as localidades foram escolhidas por serem uma fronteira na disseminação da praga. "No momento, não temos como combater o mexilhão onde ele já é endêmico", admitiu o técnico.
"O trabalho do ministério, nessa primeira etapa, é tentar manter as infestações sob controle e evitar que o molusco se espalhe por outros estados", afirmou Calixto. A presença do mexilhão no Brasil foi registrada pela primeira vez em 1998, na região do delta do rio Jacuí, próximo ao porto da capital gaúcha. Hoje, o molusco já atingiu o Paraná, e avança em direção ao Pantanal Matogrossense.
O ministério não tem conhecimento das dimensões do prejuízo já causado pelo molusco, mas a infestação nos rios da região já desencadeou campanhas isoladas da hidrelétrica Itaipu Binacional e das geradoras Copel, Paranapanema e Tractebel.
A campanha do ministério pretende informar a população sobre como identificar e combater o mexilhão dourado, que se espalha pelos rios após fixar-se nos cascos das embarcações. A água de lastro - armazenada em reservatórios para dar maior estabilidade a embarcações de grande porte - e a incrustração nos cascos são apontadas como os principais fatores de disseminação das espécies aquáticas exóticas, segundo a ministra Marina Silva.
De acordo com o técnico do ministério, o plano emergencial dará os fundamentos para uma normatização de segurança a ser aplicada no Brasil para evitar a invasão dos ecossistemas locais por espécies exóticas. "Esta será uma segunda etapa do plano de contenção do mexilhão dourado e espécies semelhantes", disse Calixto. Ao contrário das espécies do meio marinho, os mexilhões de água doce não são comestíveis. Eles também não oferecem riscos à saúde pública, pois não são vetores de parasitas.
Alfinetada
Marina Silva aproveitou a entrevista coletiva de lançamento do plano para criticar a chiadeira da indústria contra a lentidão dos processos de licenciamento ambiental. "É por conta da falta de normas que acontecem eventos como esse, de grande impacto ambiental e econômico", alfinetou a ministra.
Segundo ela, procedimentos preventivos contra a infestação de espécies exóticas perigosas ao meio ambiente serão incluídos entre as exigências para licenciamento ambiental tão logo o ministério aprove as normas de segurança contra essas espécies. Não existe previsão de data para o lançamento dessas regras, de acordo com o técnico Robson Calixto.

kicker: Em algumas regiões, são encontrados até 40 mil moluscos por metro cúbico de água

GM, 23-25/04/2004, Saneamento & Meio Ambiente, p. A9

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