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Gestão Alckmin prevê transpor rio para abastecer Campinas

FSP, Cotidiano, p. C8
12 de Jul de 2014

Gestão Alckmin prevê transpor rio para abastecer Campinas
Captação do rio Jaguari para o Atibaia preocupa cidades vizinhas, que dizem não ter sido consultadas
Governador determinou rapidez nos estudos do projeto, que pode afastar possibilidade de racionamento

Lucas Sampaio de Campinas

Para afastar a possibilidade de racionamento em Campinas (a 93 km de SP), o governo do Estado planeja fazer a transposição do rio Jaguari para o Atibaia, criando um segundo ponto de captação de água para a cidade.
Hoje, 95% da água que abastece Campinas é proveniente do rio Atibaia.
"Será ótimo para nós, para reduzir a nossa dependência do Cantareira", afirma Arly de Lara Romêo, diretor-presidente da Sanasa (empresa de saneamento de Campinas).
"É uma obra importante e rápida, e eles [o governo estadual] vão fazer isso. Foi pedido nosso."
A transposição, que não afetará o sistema Cantareira (atualmente na maior crise de sua história), preocupa municípios vizinhos que utilizam o Jaguari para abastecer a população.
Segundo Irineu Gastaldo Júnior, secretário de Ambiente de Jaguariúna, a nova adutora vai retirar do rio oito vezes a quantidade de água que a cidade utiliza atualmente.
"Não fomos consultados, e é uma notícia que nos deixa muito preocupados, porque o volume do rio já está muito baixo", diz o secretário.
"Pode resolver o problema de Campinas e criar um problemão' para a gente. As cidades que estão a jusante com certeza serão prejudicadas."
Além de Jaguariúna, Pedreira, Paulínia, Hortolândia e Monte Mor utilizam a água do rio Jaguari.
Na semana passada, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse, durante visita à região, ter pedido rapidez para a Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos na elaboração dos estudos.
A pasta confirma o projeto de construir uma adutora ligando os dois rios, mas afirma que ainda não tem informações sobre custos nem prazo da obra.
Diz apenas que está em fase de elaboração de projeto e prevê 20 km de extensão e capacidade de 1,5 m³/s.
A Prefeitura de Pedreira não respondeu aos pedidos de entrevista feitos na semana passada.
A Sabesp, responsável pelo abastecimento de Paulínia, Hortolândia e Monte Morte, limitou-se a dizer, em nota, que "a avaliação cabe aos órgãos reguladores" e que acata as decisões deles.

AUTUAÇÃO
Não é a primeira vez que Campinas, a terceira maior cidade do Estado, entra em conflito com vizinhos para garantir o abastecimento.
Devido à baixa vazão do rio Atibaia, a Sanasa criou um plano de racionamento que só não foi acionado recentemente porque os órgãos responsáveis pelo sistema Cantareira aumentaram em 50% a vazão de água do Atibaia.
Em fevereiro, no auge da crise hídrica no interior do Estado, a Sanasa foi autuada pela ANA (Agência Nacional de Águas) após a Folha revelar que uma obra interrompeu o curso do rio e afetou a captação de água em cidades vizinhas, como Americana.

Sabesp estuda usar 'volume morto' do sistema Alto Tietê

DE SÃO PAULO

Depois do sistema Cantareira, a Sabesp poderá a começar usar o chamado "volume morto" do sistema Alto Tietê, que também passa por situação crítica, com falta de chuvas neste ano.
A empresa diz estar realizando "estudos para o possível aproveitamento da reserva técnica do sistema Alto Tietê que será feito caso haja necessidade".
"Volume morto", ou reserva técnica, é a água que fica abaixo do ponto de captação das represas. Por isso, precisa ser bombeada.
O nível do Alto Tietê, que atende principalmente os municípios de Arujá, Itaquaquecetuba, Poá, Ferraz de Vasconcelos, Suzano e Mogi das Cruzes, estava ontem (11/7) em 24% de sua capacidade.
Ao todo, o Alto Tietê abastece 3,1 milhões de pessoas na Grande São Paulo, além de parte da zona leste da capital. É o sistema mais vazio depois do Cantareira, que operava ontem em 18,6%. Ambos ficam geograficamente próximos.
Outros estudos também estão sendo feitos, diz a Sabesp, para que mais água do "volume morto" do Cantareira seja usada.
Pelas previsões do governo, a reserva usada agora pode acabar em março, caso as chuvas da primavera e do verão fiquem bem abaixo da média.

Chove, mas Cantareira cai

DO UOL - Em apenas quatro dias, a chuva acumulada na região do Cantareira foi mais da metade da média histórica do mês de julho.
Mesmo assim, o nível do sistema voltou a cair nesta sexta-feira (11), atingindo 18,6%.
Desde terça-feira (8), choveu 28,5 milímetros nos reservatórios que compõem o sistema. A média histórica de julho é de 49,9 milímetros.
O Cantareira abastece atualmente 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo.
Em 15 de maio, o governo estadual começou a utilizar o "volume morto", como é chamada a água que fica no fundo das represas, abaixo do nível de captação das comportas.
Antes do uso dessa reserva, o índice do Cantareira era de 8,2%, o mais baixo da história do sistema, criado em 1974.

FSP, 12/07/2014, Cotidiano, p. C8

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/175656-gestao-alckmin-preve-…

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/175658-sabesp-estuda-usar-vo…

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/175657-chove-mas-cantareira-…

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