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Gás de Urucu beneficiará investimentos da Siemens Economia

Jornal do Commercio-Manaus-AM
Autor: Margarida Galvão
13 de Fev de 2004

A Siemens da Amazônia está na expectativa do gás natural de Urucu por considerá-lo um combustível ecologicamente correto, pois não agride o meio ambiente. O interesse da empresa pelo produto mais esperado dos últimos tempos é quanto a seu uso na área de energia, já que é especializada no fornecimento de tecnologia para as empresas que geram e vendem energia.

Atualmente a Siemens atende mais de 300 empresas, de médio e grande portes, do PIM (Pólo Industrial de Manaus) fornecendo tecnologia. O diretor regional da Siemens, Jorge Barros, comentou que no processo de fabricação dessas empresas têm vários equipamentos de automação industrial fornecidos pela companhia . "De todas as empresas de eletroeletrônicos do mundo a Siemens é a mais diversificada", defendeu.

Uma das parceiras da Siemens é a Águas do Amazonas para quem vendeu o sistema que opera a subestação da Ponta do Ismael lançada nesta semana.

Jornal do Commercio - A atuação da Siemens no PIM consiste em quê?

Jorge Barros - A empresa atua tanto na produção de telefone celular e convencional quanto na parte de energia, fornecendo tecnologia para as empresas que geram e vendem energia. Além disso possui uma fábrica de disjuntores com aplicações no mercado elétrico.

JC - Como funciona a parceria da Águas do Amazonas?

Barros - A parceria com a Águas do Amazonas é uma referência de instalação de um sistema de energia elétrica. Ou seja, é uma subestação de altíssima tecnologia que foi instalada com o objetivo de melhorar a operacionalidade do sistema da companhia e também garantir maior confiabilidade da operação desse sistema.

JC - Quais as vantagens do sistema?

Barros - Uma das coisas interessantes desse sistema é que evita, numa falta de energia, que o sistema de abastecimento de água seja interrompido.

JC - Isso nas áreas cobertas pela subestação?

Barros - Exatamente, o que representa 80% da cidade, conforme a direção da Águas do Amazonas. Na verdade é um sistema que pode ser expandido.

JC - Quanto tempo o sistema agüenta essa interrupção de energia?

Barros - Depende do tamanho do problema, mas normalmente vai além das 24 horas, suficiente para que seja providenciado o retorno da operação normal do sistema.

JC - A parceria da Siemens com a Águas do Amazonas iniciou agora?

Barros - Essa parceria já existe há muitos anos, tanto na área de energia elétrica quanto de telecomunicações. A Siemens está há 98 no Brasil e a maioria dos equipamentos elétricos da companhia são fornecidos por nós.

JC - Como o senhor define o sistema instalado agora na subestação?

Barros - Tem características tecnológicas avançadíssimas, permite, por exemplo, uma seletividade da administração do sistema como um todo. Possibilita que a Águas do Amazonas tenha noção do que aconteceu, possibilitando fazer um registro das ocorrências e permite que seja dado um tratamento específico e rápido, além de um diagnóstico preciso sem haver interrupção da água.

JC - Quais as outras parcerias da Siemens em Manaus na área de energia?

Barros - São tantas referências que ficaria difícil enumerá-las, porque atualmente atendemos quase 330 grandes empresas do PIM. Em todas elas temos referência em instalções elétricas seja de subestação de entrada, de um grande transformador, de um quadro interno ou mesmo do sistema interno de distribuição, disjuntores, contadores, relés. Enfim, no processo de fabricação dessas empresas tem vários equipamentos de automação industrial fornecidos pela Siemens. Fora isso tem ainda o sistema de comunicação e telecomunicação dessas próprias empresas.

JC - A Siemens é bastante diversificada?

Barros - É. A Siemens tem essa característica, tem uma gama de produtos. De todas as empresas de eletroeletrônico do mundo é a mais diversificada.

JC - Como o sr. avalia o mercado do PIM?

Barros - Excepcionalmente bom. A tendência de crescimento é muito grande. As nossas atividades têm acompanhado esse ritmo e até superado o próprio ritmo do pólo, em vista dos recentes investimentos feitos.

JC - O gás natural será benéfico para a atividade da Siemens?

Barros - Com certeza. O gás natural é hoje um insumo, como combustível, ecologicamente correto, não agride o meio ambiente, tem um nível baixíssimo de emissão de poluentes, um combustível relativamente barato e abudante no Brasil. Nós (Siemens) somos detentores da tecnologia mais avançada do mundo de processamento desse gás natural, principalmente na geração de energia elétrica a partir desse produto.

Empresa alemã tem tecnologia para utilizar o gás

JC - A Siemens adotará a tecnologia em Manaus?

Barros - Teremos uma oportunidade grande de participação nesse mercado. Para a empresa é interessante a utilização do gás natural de Coari.

JC - Há uma queixa do empresariado local quanto a demanda atual de energia elétrica. A Siemens também concorda?

Barros - Freqüentemente nós, empresários, nos deparamos com esse dilema. Geralmente temos um mercado pujante, uma demanda grande. Logo, precisamos expandir nossas atividades operacionais, investir em novas máquinas e equipamentos, precisamos, enfim, aumentar nossa atividade produtiva. Por outro lado a oferta de energia elétrica, hoje no Brasil como um todo, não acompanha essa demanda das empresas por energia elétrica.

JC - O que fazer?

Barros - Fazer um planejamento bem feito, haver regras estáveis para esse mercado com certeza iria haver investimentos conseqüentes.

JC - O gás vai demandar uma mudança na matriz energética?

Barros - Vai demandar uma mudança do perfil da matriz energética, obviamente. Dificilmente teremos uma matriz energética à base do gás natural. Existem outras fontes de geração de energia elétrica, mas vai haver uma mudança no perfil, ou seja com o aproveitamento do gás natural haverá um aumento da participação desse combustível na matriz da energia brasileira com certeza. Isso é positivo pelo fato de ser um combustível limpo, mais barato e abundante na nossa região.

JC - Há quanto tempo a Siemens está no PIM?

Barros - Cerca de 20 anos, iniciando com uma fábrica de equipamentos elétricos. Depois entrou com a fábrica de telefones fixos e nos dois últimos anos com o celular.

JC - Como está a atuação da Siemens quanto aos demais produtos feitos no pólo?

Barros - Muito boa. A produção de telefone celular vai muito bem, assim como de telefone fixo. Na área de disjuntores, idem. Estamos atendendo o mercado nacional e exportando.

Clientes

330 É o número aproximado de empresas do Pólo Industrial de Manaus atendidas pela Siemens em suas operações de telecomunicações e energia.

Operações da Manaus Energia terão custos reduzidos

A Manaus Energia também está no aguardo do gás natural de Urucu, que vai inclusive poder operar com um produto mais barato. Atualmente trabalhando com 600 megawats de energia em Manaus e capacidade instalada superior a mil megawatts em todo o sistema, a companhia utiliza o combustível fóssil, que será trocado pelo gás natural.

Quanto a preocupação do empresariado local no tocante a demanda de energia industrial em Manaus, o assessor da diretoria técnica da Manaus Energia, Renê Formiga, garantiu que não há o que temer porque a empresa tem 1,068 mil megawatts de energia instalado em todo o sistema e atualmente está utilizando somente 600 megawats .

A maior demanda utilizada no ano passado, no mês de outubro por conta da alta demanda, chegou a 682 megawatts, o que representa 60% da capacidade instalada. " Mesmo que haja um incremento de 5% no PIM não corre o risco de colapso", garantiu.

No que se refere aos constantes blecautes ocorridos em Manaus o engenheiro eletricista explicou que são decorrentes das variações por conta das condições climáticas, descargas atmosféricas, comuns no período chuvoso.

Segundo Renê, toda a rede de 13,8 KVA e 69 KVA é aérea, logo está exposta às oscilações climáticas. "É uma situação geral que não acontece somente em Manaus , mas no mundo inteiro", enfatizou.

Descargas atmosféricas causam blecautes

Renê Formiga ressaltou que em Manaus as descargas atmosféricas são muito grandes, em função da localização geográfica. Daí ser um gargalo difícil de resolver, muito embora a empresa venha trabalhando no sentido de reduzi-lo com melhoramentos da rede. "Mesmo com o gás natural o problema tende a acontecer porque é de descarga e não por falta de combustível", assegurou.

Cerca de 400 megawatts de energia utilizada pela Manaus Energia é proveniente da El Paso. De Balbina, em Presidente Figueiredo, são gerados mais 250 megawatts, que são utilizados como reserva.

Renê informou que a companhia energética tem preservado o lago de Balbina, utilizado mais no segundo semestre do ano quando a demanda aumenta, culminando num reforço. "Existe um estudo nesse sentido que utilizamos para evitar que o lago fique comprometido", disse.

O sistema energético da Manaus Energia hoje é o termelétrico (El Paso) e hidráulico (Balbina), cujo combustível é o óleo diesel. A utilização do gás natural nã vai implicar no fim da modalidade térmica.

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