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Funcionários do Ibama farão greve

O Globo, Economia, p. 30
11 de Mai de 2007

Funcionários do Ibama farão greve
Especialista vê 'irracionalidade ambiental' em não aprovar usinas do Madeira

Funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) votaram ontem entrar em greve até que o governo volte atrás na decisão de dividir o órgão para acelerar o licenciamento ambiental de projetos de infra-estrutura.

- Estamos preparados para ficar em greve até o governo revogar o decreto - disse Jonas Correa, que representa quase 6.400 trabalhadores do Ibama.

O presidente Lula disse há duas semanas que dividiria o Ibama em dois, após políticos e empresários terem reclamado da demora em permissões ambientais. A decisão gerou críticas de trabalhadores do Ibama e conservacionistas.

Segundo Correa, os trabalhadores deixarão o trabalho segunda-feira e não retornarão até que o governo volte atrás.

Já a preocupação com a aprovação das licenças do complexo hidrelétrico do Rio Madeira, em Rondônia, está fazendo o setor ligado à geração de energia no governo federal correr contra o tempo.

Usinas só entram em leilão se licenças saírem até junho
O segmento fixou junho como data-limite para a concessão, disse o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.

Esse seria o prazo necessário para conseguir colocar a oferta dos 6,4 mil megawatts (MW) do Rio Madeira no leilão de energia de novos empreendimentos, programado para o mês que vem, e em quantidade para atender ao mercado nos próximos cinco anos.

Estou com muita esperança de o Madeira entrar no leilão, porque seria uma irracionalidade ambiental não entrar. A área alagada é muito pequena - disse o executivo.

Tolmasquim minimizou o impacto ambiental que as usinas do Madeira poderiam produzir, "muito menor do que as das térmicas a carvão ou a óleo", e lembrou a questão econômica, já que as hidrelétricas têm condições de gerar energia mais barata do que as térmicas.

- Se o (complexo do) Rio Madeira não sair, a solução mais imediata para 2012 serão usinas a carvão e a óleo... Também a gás, mas vai depender da disponibilidade - disse Tolmasquim. - Se o Madeira puder ser construído, parte da demanda fica reservada para ele.

Segundo Tolmasquim, enquanto a média de área alagada por hidrelétricas é de 0,57 quilômetro quadrado por MW, o Rio Madeira teria um índice de 0,08 quilômetro.

Bagres não são mais um problema, diz Tolmasquim
Ele afirmou ainda que problemas apontados pelo Ibama em relação à desova do bagre e a sedimentos já foram resolvidos.

No primeiro caso, será construído um canal lateral para permitir que o bagre ultrapasse a usina e desove nos Andes peruanos. Sobre os sedimentos, o executivo afirmou que estudos feitos por especialistas canadenses já mostraram que o Madeira tem uma posição muito mais favorável do que outras usinas hidrelétricas no mundo.

- Não aprovar Madeira significa aprovar usinas do ponto de vista ambiental que vão provocar mudanças climáticas e geração muito mais cara.

O Globo, 11/05/2007, Economia, p. 30

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