VOLTAR

Funai averigua denúncia de ameaça armada

Diário de Cuiaba
31 de Jan de 2008

Uma equipe da Fundação Nacional do Índio (Funai) deve chegar ainda hoje ao distrito de Jarudore, no município de Poxoréu (251 quilômetros, ao sul de Cuiabá) para averiguar a denúncia de ameaça de invasão à aldeia de índios boboro por um grupo de pessoas armadas.
O administrador do Núcleo de Apoio da Funai em Rondonópolis, Antônio Alves Dourado, informou que a executiva regional do órgão, em Cuiabá, foi comunicada sobre a situação na última terça-feira para que oficializasse também a Polícia Federal (PF), o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério da Justiça. "No mais tardar amanhã (hoje) vamos verificar a situação de perto para evitar um possível conflito com complicações para ambos os lados", disse.
A preocupação é maior ainda porque indígenas de outras aldeias da região, como Sangradouro e Meruri, já se deslocaram para Jarudore em solidariedade à comunidade.
De acordo com o coordenador regional do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Gilberto Vieira dos Santos, informações de pessoas do distrito de Jarudore dão conta que o grupo de invasores é liderado por um homem conhecido por "Zé Preto".
"Zé Preto" teria realizado uma reunião no distrito com o intuito de invadir a aldeia bororo. "O alvo principal seria a liderança bororo Maria Aparecida e sua família, que vem lutando para retomar seu território tradicional", informou. "Sem sucesso em reunir um grupo maior, Zé Preto teria conseguido reunir mais duas pessoas de nomes Marcio e Jucélio", acrescentou Gilberto Vieira.
Ele ainda explicou que a luta é antiga. A área dos bororos foi demarcada pela primeira vez em 1912 por Marechal Cândido Rondon. São João de Jarudore, como foi chamada, tinha como marcos referenciais alguns dos morros típicos da região de Poxoréu e somava cerca de 100 mil hectares.
Em 1945, um decreto estadual - no644/45 - redefiniu os limites da área para menos de um décimo do desenho original. Seis anos mais tarde, um título definitivo expedido pelo governo do Estado fixou a terra Bororo em 4,7 mil hectares.
A área, entretanto, vem sendo invadida e alvo de loteamentos irregulares. "Demarcada ainda por Marechal Rondon, a terra indígena Jarudore foi sendo reduzida e ocupada por não indígenas após seus legítimos donos terem sido expulsos", disse.
Conforme Gilberto Vieira, o processo em que os bororos requerem sua terra, de 4.076 hectares, encontra-se a passos lentos na Justiça Federal.
Enquanto isso, em dezembro de 2006, o genro da cacique sofreu um atentado que resultou no incêndio de seu caminhão. No dia 17 de março de 2007, Elenilson Batare, 20 anos, foi assassinado na zona rural de Jarudori. Um policial civil de Poxoréu se entregou no final do ano assumindo a autoria do crime.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.