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Frutadas, cítricas ou amadeiradas? Extrativistas acrianas aprendem a fazer folhas de borracha aromatizadas

WWF - http://www.wwf.org.br
Autor: Kaline Rossi e Jorge Eduardo Dantas
17 de Set de 2015

Cerca de 30 pessoas das comunidades de Curralinho e Parque das Ciganas, do município de Feijó, no Acre, participaram nas últimas semanas de uma capacitação, promovida pelo WWF-Brasil e pela Universidade de Brasília (UnB), para o beneficiamento de folhas de borracha.

Na ocasião, os participantes trabalharam com adição de essências às folhas - de modo que eles ficassem mais "cheirosas". Com isso, as folhas ganham valor agregado e podem ser vendidas com preços mais atrativos, aumentando os rendimentos das famílias seringueiras. Essas folhas são utilizadas para a fabricação de vários produtos, como solas de sapato.

A oficina ocorreu às margens do rio Jurupari e teve como público-alvo mulheres e jovens - para estimular o protagonismo e criatividade desses segmentos - além de empoderar as mulheres seringueiras e manter vivas, junto às novas gerações, as tradições relativas à extração da borracha.

Os participantes puderam escolher as essências e fabricaram folhas de borrachas com elas. Estavam disponíveis essências frutadas, amadeiradas, cítricas e verdes.

Pesquisas

O responsável pela oficina foi o professor da UnB, Floriano Pastore, que há anos estuda como melhorar a produção de folhas de borracha na Amazônia. As essências levadas a campo são resultado de meses de trabalho e pesquisas dedicadas à diminuição do cheiro natural da borracha, que muitas vezes era um fator limitante para algumas aplicações do produto.

Durante a capacitação, também foi apresentado um novo fungicida orgânico para ser utilizado no processo de produção de folhas de borracha. Ele é menos "agressivo" e, portanto, mais seguro para a manipulação por parte dos seringueiros. Ele também aumenta a durabilidade e a resistência das folhas.

Forno à lenha

Nesta mesma incursão a campo, foi inaugurado, em Tarauacá, um forno à lenha para a produção de ácido pirolenhoso. O ácido pirolenhoso é um químico utilizado na fabricação das folhas de borracha. Atualmente, os seringueiros do Acre compram este produto da Bahia.

Com o forno à lenha, eles podem produzir este material "em casa", reduzindo custos. Além disso, existem articulações para que a lenha a ser utilizada neste forno venha de planos de manejo comunitários acrianos - impulsionando os processos sustentáveis desta cadeia produtiva.

Vendas

O governador do Acre, Tião Viana, esteve presente em uma parte da capacitação e teve a oportunidade de conhecer as folhas aromatizadas. Sua esposa, a primeira-dama Marlúcia Cândida, coordenou no início deste mês uma iniciativa que levou algumas dessas folhas para a Exposição Universal das Nações Unidas (Expo 2015), realizada em Milão, na Itália.

Um representante da empresa Innova, de Manaus (AM), também esteve presente na oficina - eles estão fazendo prospecção de matérias-primas e podem vir a ser os novos compradores da borracha vinda do Acre.

Atualmente, a borracha produzida pelos seringueiros acrianos é vendida pra a empresa francesa Vert, para a gaúcha Mercur e também é utilizada pela designer Flávia Amadeu.

Para a analista de conservação do WWF-Brasil, Kaline Rossi, o treinamento trouxe um incentivo para que as mulheres comecem a criar seus produtos dentro da floresta, de acordo com suas rotinas e disponibilidade de tempo.

"É uma forma de geração de renda e que favorece a repartição dos benefícios entre a família. Além de comercializarem as folhas de borracha, as mulheres poderão, em breve, fazer o mesmo com outros produtos e artefatos".

Kaline contou que já estão previstos um curso de artesanato, intercâmbio e técnicas entre seringueiras e indígenas de Feijó; e que o WWF-Brasil vai seguir em busca de mercados compradores interessados nos produtos florestais acreanos.

Sustentabilidade

O treinamento é fruto do projeto Protegendo Florestas - uma parceria do WWF-Brasil, do Governo do Acre, da rede de televisão britânica Sky e do WWF Reino Unido.

Iniciada em 2009, esta iniciativa promove ações que ajudam famílias de produtores e extrativistas a gerar renda de forma sustentável com a venda de produtos como açaí, borracha e copaíba. Assim, é possível combater o desmatamento dentro das propriedades rurais.

O objetivo do projeto é garantir a conservação de 164 mil quilômetros quadrados de floresta no Estado do Acre - além de manter um bilhão de árvores em pé naquele território.

http://www.wwf.org.br/informacoes/noticias_meio_ambiente_e_natureza/?47…

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