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Fraudes ambientais levam 19 à cadeia

O Globo, O País, p. 9
04 de Mai de 2007

Fraudes ambientais levam 19 à cadeia
Em Florianópolis, empresários e políticos são acusados de fraudar licenças para construção

Adriana Baldissarelli

A Polícia Federal prendeu ontem, em Florianópolis e Porto Alegre, 19 empresários, políticos e servidores públicos acusados de formar uma quadrilha que conseguia licenças irregulares para construir em áreas de preservação ambiental em Florianópolis. Entre os presos estão o dono do resort Costão do Santinho, Fernando Marcondes de Mattos; o vereador Juarez Silveira (sem partido); e os empresários Péricles Druk e Fernando Tadeu Habckost, da construtora Habitasul. O dono do shopping Iguatemi, Paulo Cezar Maciel da Silva, só não foi preso porque está viajando. Também foram presos os secretários municipais de Urbanismo, Renato Juceli de Souza, e de Obras, Aurélio de Castro Remor.

Segundo a PF, há indícios de um esquema de corrupção, tráfico de influência e formação de quadrilha para acobertar crimes ambientais em Florianópolis. Com os 30 mandados de busca e apreensão concedidos pela Justiça, os policiais fizeram buscas em instalações da prefeitura e do governo do estado, cartórios de registro civil, empresas e residências.

Os empresários acusados são responsáveis por pelo menos 30% dos investimentos imobiliários e turísticos realizados em Florianópolis nas duas últimas décadas. O ex-presidente da Câmara de Vereadores de Florianópolis Marcílio Ávila, atual presidente da Santur, a empresa de turismo do governo estadual, também escapou de ser preso por estar em viagem. Já o ex-vereador Francisco Rzatki, atual diretor da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram), foi detido.

Acusado de comandar o esquema de tráfico de influência e troca de favores, o vereador Juarez Silveira alegou problemas de saúde na hora da prisão.

- Nunca liberei nada. Faço as leis de acordo com os pareceres técnicos da Susp, da Floram, do Ipuf (órgãos que concedem licenças ambientais na cidade e no estado) - disse ele.

Os policiais também apreenderam seis automóveis, três deles com Silveira, computadores, documentos e dinheiro. Segundo o delegado Raimundo Barbosa, entre os 30 malotes apreendidos há pelo menos R$ 1 milhão em espécie. Cerca de R$ 800 mil teriam sido recolhidos somente na sede do Grupo Habitasul, empresa administradora do Jurerê Internacional, bairro residencial de classe alta.

A Operação Moeda Verde da PF teve início há nove meses, a partir de suspeitas de irregularidades na licença ambiental para o condomínio Il Campanário, construído pela Habitasul.

O prefeito de Florianópolis, Dário Berger (PSDB), decidiu pelo afastamento temporário dos dois secretários municipais e do presidente da Floram.

Uma grande reserva ambiental
Maior parte do município de Florianópolis é área de preservação

A maior parte de Florianópolis está localizada na Ilha de Santa Catarina, ecossistema considerado frágil e complexo. Cerca de 60% do território do município são definidos como área de preservação, incluindo unidades de conservação ambiental, reservas biológicas, mangues, restingas e as áreas de Marinha, que pertencem à União. Além da troca de favores para concessão de licenças de implantação, a Polícia Federal investiga favorecimentos ilícitos para obter alterações no zoneamento do Plano Diretor da cidade.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis, Dilvo Tirloni, disse que as prisões abalaram a cidade:
- Foi uma surpresa. Esses empresários são, por baixo, responsáveis por 30% dos investimentos imobiliários e turísticos da cidade, alguns consolidados há mais de 15 anos.

O Globo, 04/05/2007, O País, p. 9

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