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Fora de controle, fogo destrói plantações

FSP, Cotidiano, p. C7
22 de Ago de 2010

Fora de controle, fogo destrói plantações
Lavradores paraenses perderam pés de cacau

Dos enviados a São Félix do Xingu

"De que adianta eu não colocar fogo se, no final das contas, minha área acaba queimada do mesmo jeito?"
A pergunta é do sitiante Ineildo Dourado, 55, diretor de uma associação que reúne 38 pequenos produtores de cacau e hortaliças da região de São Félix do Xingu.
Segundo ele, fogos iniciados em grandes pastagens fizeram estragos em pelos menos cinco áreas de cultivo.
"Este é um município rico. Só que muitos não gostam de respeitar a lei. E as autoridades não fazem questão."
Outro sitiante, João Tiago Freire Barbosa, 42, também contabiliza estragos causados por um incêndio que invadiu sua propriedade e destruiu 2.500 pés de cacau.
O caso dele, porém, poderia ser definido como "fogo amigo". "Meu pai, que é meu vizinho, cedeu uma área para um conhecido fazer lavoura. Na primeira chance que ele teve, botou fogo", conta.
Da área de roça para a plantação de cacau, o fogo seguiu rápido. Barbosa, um dia antes, havia terminado de pagar o financiamento do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).
"Fizemos o possível para salvar a plantação, mas o prejuízo foi grande. Minha mulher até chorou."

PROJETO
Na ONG Adafax (Associação para o Desenvolvimento da Agricultura do Alto Xingu), a ambientalista Celma Gomes de Oliveira coordena projetos que estimulam culturas perenes (cacau, açaí e pimenta), que não dependem de fogo.
Os projetos, com financiamento internacional, chegam a mil pequenas propriedades. Celma diz que o trabalho tem de superar questões financeiras e culturais.
"O pequeno também queima, porque não tem recursos para comprar equipamentos e precisa abrir pasto. Mas existe também uma cultura do fogo, que, principalmente nos mais velhos, é difícil mudar. Nosso foco, por isso mesmo, são os jovens." (RV e AG)

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2208201009.htm

Cidade recordista não tem brigada anti-incêndio

Dos enviados a São Félix do Xingu

Líder de focos de calor no Pará e o segundo maior município do Estado em território, São Félix do Xingu não dispõe de brigadistas do Prevfogo (divisão do Ibama que combate incêndios florestais).
Até o ano passado, segundo o coordenador estadual, Antônio Balderramas, havia 12 brigadistas e quatro carros de prontidão no município.
Atualmente, o órgão mantém seus 285 brigadistas em outros dez municípios do Estado, nenhum em São Félix.
Um dos motivos, segundo o coordenador, são as dimensões "continentais" do Estado. "Não podemos estar em todos os lugares", diz.
O município tem 8,4 milhões de hectares, o equivalente a quatro Sergipes.
Outra razão seria a constatação de que os focos do município atingem principalmente pastagens e florestas em regeneração dentro de áreas privadas.
Nesses casos, diz o Ibama, o órgão só atua a pedido do Estado ou do município.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2208201010.htm

FSP, 22/08/2010, Cotidiano, p. C7

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