O Globo, Rio, p. 11
09 de Set de 2009
Fogo na Pedra da Gávea pode ter sido criminoso
Administrador de parque não vê vestígios de balão
Simone Cândida
Um incêndio de mais de dez horas, que começou por volta das 22h de anteontem, queimou pelo menos cinco hectares do Parque Nacional da Tijuca, no alto da Pedra da Gávea. O fogo teve inicio na face leste (virada para São Conrado) e foi espalhado pelo vento, atingindo a face oeste (Barra). Ontem de manhã, uma equipe do GLOBO acompanhou o administrador do parque, Ricardo Calmon, num voo de helicóptero sobre a região e constatou que ainda havia fumaça. Calmon constatou que o incêndio, só totalmente controlado por volta das 11h de ontem, pode ter sido criminoso.
- Não havia sinais de balão. Ontem (anteontem) foi lua cheia, era feriado, provavelmente algum grupo acampou por lá irregularmente e acabou causando o incêndio. É um local de difícil acesso, que só pode ser alcançado com horas de caminhada. Logo, concluímos que o fogo deve ter sido causado por algum visitante que passou a noite lá. Podem ter jogado um fósforo, um cigarro ou um pedaço de madeira - disse Calmon após o voo, ressaltando que é proibido acampar no parque.
No local atingido, segundo o administrador do parque, existem várias espécies de bromélias e orquídeas endêmicas (só ocorrem ali) e ameaçadas de extinção.
- Incêndios desta proporção naquele ponto acabam destruindo parte de uma biodiversidade que o mundo nunca mais vai recuperar - comentou, acrescentando que, apesar de ter chovido no fim de semana, o fogo atingiu um tipo de vegetação que não absorve umidade.
Na avaliação de Calmon, não houve falha na fiscalização: - Temos um guarita mais abaixo que controla a entrada, mas fica inviável mantermos guardas naquele ponto, já que o local é de difícil acesso.
O Globo, 09/09/2009, Rio, p. 11
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