OESP, Economia, p. B8
27 de Jun de 2007
Fatia da energia nuclear deve triplicar até 2030
Pelo Plano Nacional de Energia, participação na matriz energética passará de 1% para 3% com a construção de Angra 3 e outras quatro usinas
Nicola Pamplona
A participação da energia nuclear na matriz energética brasileira deve triplicar até 2030, passando do 1% atual para 3%. A projeção faz parte do Plano Nacional de Energia (PNE), que prevê a construção de quatro usinas de mil megawatts (MW) cada, além de Angra 3, no período. O plano foi aprovado na segunda-feira pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e projeta a necessidade de investimentos de US$ 804 bilhões no setor.
Segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, a energia nuclear é estratégica para o País, uma vez que o aproveitamento hídrico tende a diminuir. A previsão é que Angra 3 entre no sistema em 2013. A primeira entre as novas usinas tem início de operações previsto para o período entre 2015 e 2020. A segunda, nos cinco anos seguintes e as duas últimas, perto de 2030.
'Quando olhamos para além de 2025, 2030, vemos que o País precisará da energia nuclear, pois as hidrelétricas serão cada vez mais escassas. Então, precisamos desenvolver tecnologia e manter o pessoal da área trabalhando desde já.'
Tolmasquim admite que a energia nuclear pode ser mais cara que as outras no curto prazo, mas no futuro as térmicas terão de operar com mais freqüência, o que põe a tecnologia em vantagem ante o gás.
A construção das usinas depende de estudos. 'O PNE é indicativo e a decisão será tomada na hora certa.' O PNE prevê demanda por 217 mil MW de energia em 2030, ante os 87 mil MW atuais. O plano considera expansão dr 4% ao ano do Produto Interno Bruto (PIB).
Segundo o estudo, haverá uma pequena redução da contribuição da energia hidráulica, de 15% para 14%. O consumo de lenha e carvão vegetal deve ter seu peso reduzido de 13% para 6%. Derivados de cana vão ganhar importância, passando de 14% para 18%. O estudo projeta para 2030 uma produção de álcool de 66 bilhões de litros, com exportação de 12 bilhões.
Para Tolmasquim, a matriz manterá um alto nível de combustíveis renováveis, com 44,7% de toda a energia produzida no Brasil em 2030 - hoje, o peso é de 44,5%. 'Teremos uma matriz mais diversificada. Em 1970, lenha e carvão representavam quase toda a energia. Em 2030, a matriz será dividida em quatro fontes: petróleo, gás, cana-de-açúcar e hidráulica.'
ROYALTIES
O governador em exercício do Rio, Luiz Fernando Pezão, disse ontem que o governo do Estado apóia a construção de Angra 3, que pode criar empregos e assegurar o abastecimento de energia. Mas defende que sejam criados royalties da energia nuclear. 'O Estado tem de ser compensado por ter as usinas aqui.'
Auto-suficiência no gás tem poucas chances, diz a EPE
Anunciada pelo governo após o início da crise boliviana, a busca da auto-suficiência na produção de gás tem poucas chances de dar resultado. A avaliação é do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, que apresentou ontem projeções sobre o mercado brasileiro de energia até 2030. Segundo o estudo, naquele ano o País estará importando pelo menos 72 milhões de metros cúbicos de gás por dia, mais que o dobro dos 30 milhões contratados hoje com a Bolívia.
Embora o volume de importações cresça, Tolmasquim ressalta que a dependência do mercado externo será menor em 2030, uma vez que o consumo nacional estará na casa dos 267 milhões de metros cúbicos por dia. Ou seja, as importações vão representar 27% do consumo interno - hoje, 50% do gás vendido no País vem da Bolívia. A conta de importações pode aumentar para 112 milhões de metros cúbicos por dia, caso todas as térmicas sejam chamadas a operar.
O estudo considera o desenvolvimento das reservas nacionais de forma conservadora, diz Tolmasquim, mas mesmo assim, o executivo afirma que 'é difícil que sejamos auto-suficientes em gás'.
OESP, 27/06/2007, Economia, p. B8
As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.