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Autor: Chico Araújo
22 de Out de 2008
Além do tráfico, a prostituição infanto-juvenil e o consumo de álcool cresce entre os indígenas.
MANAUS, AM - A prostituição infanto-juvenil, o consumo de álcool e de drogas está crescendo em áreas indígenas, principalmente nos municípios de Santa Izabel do Rio Negro, São Gabriel da Cachoeira e Tabatinga que fazem fronteiras com a Colômbia e Peru.
Muitos indígenas também estariam sendo usados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farcs) para o transporte das drogas.
A denúncia é do presidente da Comissão de Assuntos Indígenas da Assembléia Legislativa do Amazonas, deputado José Lôbo (PCdoB). Lôbo segue nos próximos dias para aquela região a fim de fazer um levantamento da situação.
O deputado pretende ouvir todas as entidades envolvidas na área da segurança, da justiça, os prefeitos atuais e os eleitos no dia 5 de outubro para se delinear um quadro geral do problema e buscar as providências cabíveis, a partir da Assembléia Legislativa.
Os índios da região tríplice fronteira cheiram cocaína, gasolina, cola de sapateiro, fumam maconha e meninos e meninas têm sido vítimas de abuso sexual (estupro, incesto, pedofilia). Ocorre também nas aldeias da área um elevado índice de suicídios, gravidez precoce e indesejada, aborto e agressão doméstica. Os dados estão no relatório final do seminário "O futuro da Amazônia", ocorrido em Tabatinga (AM), em janeiro deste ano.
Conforme o documento é prática comum o turismo sexual (o pornoturismo) e a relação de adultos, inclusive não-índios com índias menores de idade. Para o cacique Luís Cordeiro, da comunidade Kocama Sapotal, esse estado de coisa acontece nas aldeias por falta de uma ação da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do governo federal em favor dos índios.
Cordeiro diz que os índios querem mais segurança, transporte, além de apoio para explorar a rica biodiversidade da região de forma sustentável. "Mas com esses problemas não dá mesmo", reconhece ele.
Investigação urgente
Para o deputado José Lobo, a investigação nas aldeias indígenas da fronteiras se faz necessária, e é urgente, porque os jornais locais têm noticiado com freqüência o aumento do índice de índios - crianças, jovens e adultos - envolvidos em casos de prostituição, com bebidas alcoólicas e drogas, havendo até a ocorrência de suicídios entre eles.
Segundo Lôbo, não há políticas de proteção aos povos do Alto Rio Solimões, com programas de desenvolvimento sustentável na região. E a área é de alto risco pela presença do narcotráfico e da guerrilha na fronteira. É preciso que os governos levem as aldeias ações publicas de educação e saúde integradas a cultura dos indígenas, paralelamente ao trabalho de conscientização feito pelas organizações sociais.
Além disso, os jovens acabam ficando vulneráveis ao narcotráfico e muitos deles são usados para o transporte de drogas (cocaína) em Tabatinga. Os indígenas também estariam sendo usados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farcs) para o transporte das drogas.
No município de São Gabriel da Cachoeira, por exemplo, existe também a prostituição infanto-juvenil. "Portanto, que faz-se necessária a intervenção do Poder Legislativo, a fim de que seja dado um basta nesta situação", disse José Lobo.
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