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Exploracao racional no Para eleva exportacao de madeira

GM, Rede Gazeta do Brasil, p.B13
06 de Abr de 2005

Exploração racional no Pará eleva exportação de madeira
Novo presidente da Associação das Indústrias Exportadoras do Pará quer leis que garantam a atividade. A exploração da floresta de maneira sustentável na Amazônia ganha destaque com a posse do novo presidente da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Pará (Aimex). Manoel Dias, que assumiu o cargo na sexta-feira na Federação das Indústrias do Pará (Fiepa).
Dias é diretor da Cikel, empresa que trabalha com manejo florestal numa área de 500 mil hectares em território paraense, 248 mil dos quais com o selo verde - garantia de que se trata de um produto de uma floresta certificada, onde o manejo florestal está sendo realizado de forma legal, ambientalmente adequada, socialmente justa e economicamente viável. O sistema reconhecido em todo o mundo, sob a responsabilidade do Conselho de Manejo Florestal (FSC).
Desde o ano passado o Brasil ocupa o primeiro lugar em área florestal certificada na América Latina, com as certificações obtidas junto ao FSC por empresas como a Orsa Florestal Limitada, Ecolog e IBL Madeiras, além da expansão de áreas de empresas já certificadas, como a Cikel.
Crescimento da área
São cerca de 2,3 milhões de hectares de florestas certificadas, sendo 1,3 milhão de hectares de florestas naturais na Amazônia e outro um milhão de hectares de plantações em outras partes do País, principalmente de pinus e eucalipto. O crescimento da área certificada foi significativo na região amazônica no ano passado, pois em 2003 ela estava em 400 mil hectares.
Em 2001 a Cikel, havia obtido o selo verde para uma área de 140 mil hectares na Fazenda Rio Capim, município de Paragominas, então a maior área de floresta nativa certificada pelo FSC. Em 2004, sua área certificada foi ampliada para 248.899 hectares.
Segundo o pesquisador Adalberto Veríssimo, do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a certificação florestal é o caminho de maior credibilidade para as empresas que querem demonstrar preocupação com boas práticas de manejo, com acesso a mercados mais seletivos da Europa e dos Estados Unidos, que têm demandado cada vez mais madeira certificada.
Avanços
Para Manoel Dias, é preciso reconhecer o que o setor madeireiro vem fazendo nos últimos anos. "Seguramente o setor não é responsável nem pela devastação da Amazônia e muito menos por episódios como esse que infelizmente veio a acontecer, com a morte da missionária Dorothy Stang", disse Dias.
Ele ressaltou que, na semana que passou, durante um seminário sobre gestão de florestas públicas em Brasília, representantes do Ministério do Meio Ambiente fizeram várias interven-ções sobre a devastação na Amazônia, mas em nenhum momento houve qualquer referência ao setor madeireiro. "Isso para nós é gratificante".
O novo presidente da Aimex acha que a entidade precisa estar discutindo com os governos federal e estadual a busca de políticas públicas definidas para o setor.
Um dos pontos mais importantes em discussão no momento, segundo Manoel Dias, é a garantia de suprimento de matéria-prima. "Nosso maior problema hoje é a questão fundiária, que precisa ser resolvida para que a gente possa ter segurança de suprimento de matéria-prima e para que se possa fazer os planos de manejo".
Ele aponta duas iniciativas como positivas por parte do poder público. Uma delas é o Zoneamento Econômico-Ecológico proposto pelo governo do Pará. A outra é o projeto de lei do governo federal que regulamenta o uso sustentável das florestas públicas e que prevê a disponibilização de até 13 milhões de hectares de florestas na Amazônia para concessão de uso sustentável nos próximos dez anos.
Ajustar a lei
Dias acha o projeto precisa de alguns ajustes mas acredita que ele possa dar segurança ao suprimento de matéria-prima. "É o momento de ajustar a lei para a forma que a gente precisa. E o que a gente precisa é de florestas onde possamos fazer o manejo florestal sustentável", afirmou Dias.
A sua expectativa é que já no segundo semestre deste ano o setor consiga matéria-prima oriundas de áreas públicas.
Manoel Dias também fez questão de destacar os avanços conseguidos pelo setor nos últimos anos, como a crescente participação na pauta de exportações do Pará, tendo ocupado o quarto lugar ano passado, com 14,28%. E nos primeiros dois meses de 2005 a madeira já alcançou US$ 46,2 milhões de exportações, mantendo o quarto lugar.
Além disso, o novo presidente da Aimex ressalta que é cada vez maior à agregação de valor ao produto madeireiro exportado. "A meta do setor madeireiro é conseguir ter um suprimento de matéria-prima legal, seguro e que a gente possa ter mais produtividade e melhor acabamento dos nossos produtos", acrescentou Manoel Dias.
kicker: Certificação florestal é o melhor caminho para exportar para a Europa
kicker2: São 2,3 milhões de hectares de florestas com uso sustentável

GM, 06/04/2005, p. B13

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