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EUA pedem que País reforce vigilância

OESP, Internacional, p. A17
27 de Jul de 2008

EUA pedem que País reforce vigilância
Em visita ao Brasil, czar americano da segurança alerta para risco de que Farc se espalhem para nações vizinhas

Denise Chrispim Marin

Em visita oficial ao Brasil, o "czar" da segurança nacional dos Estados Unidos, Michael Chertoff, condenou na semana passada o apoio recebido pelo grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) por parte de governos sul-americanos e defendeu que todos os países da região se preocupem com a possível transferência de bases da guerrilha para seus territórios.

Em conversas com os ministros da Justiça, Tarso Genro, e da Defesa, Nelson Jobim, na segunda-feira, Chertoff também deixou clara a preocupação dos Estados Unidos com a sofisticação dos recursos do narcotráfico para alcançar os principais mercados consumidores - como o uso de pequenos submarinos - e pediu a colaboração do governo brasileiro na intensificação de seus controles sobre portos e aeroportos.

"As Farc sofreram sérios golpes nos últimos meses, graças à perseverança e à coragem do presidente Álvaro Uribe, da Colômbia", afirmou Chertoff. "Mas o desafio ainda não terminou. As Farc vão continuar a vasculhar ao redor (do território colombiano) para encontrar o ponto fraco para onde possam se deslocar", acrescentou. "Os países vizinhos da Colômbia têm de ter consciência de que um grupo como as Farc está sempre pronto para identificar um lugar mais seguro e para mover suas atividades para qualquer outro lado", completou, ao ser questionado sobre a possibilidade de avanço do grupo rebelde pela Amazônia brasileira.

Em flagrante crítica dirigida à Venezuela e ao Equador, cujos governos são suspeitos de apoiar as Farc, Chertoff cobrou dos países da América do Sul a colocação em prática de suas leis contra o crime organizado e condenou todo e qualquer suporte direto para o grupo guerrilheiro. Ele afirmou que essa é a atitude exigida por seus respectivos cidadãos.

LEI PATRIÓTICA

Considerado o "general" civil da guerra contra o terrorismo, Chertoff foi co-autor da polêmica Lei Patriótica dos Estados Unidos. Trata-se da lei que, a partir de outubro de 2001, derrubou todo e qualquer sigilo de cidadãos americanos e de estrangeiros que vivem no país, em nome da segurança nacional.

Desde 2005, Chertoff comanda o Departamento de Segurança Interna dos EUA. Trata-se do departamento que agrega os principais órgãos de segurança do país, criado dois meses depois dos ataques terroristas lançados em 11 de setembro de 2001 pela rede Al-Qaeda contra os Estados Unidos. Atualmente, o secretário está à frente de um dos mais polêmicos projetos de Washington - a construção de um muro de alta tecnologia de 1.200 quilômetros de extensão, ao longo da fronteira com o México, para barrar a imigração ilegal.

"Os Estados Unidos dão as boas-vindas às pessoas que venham trabalhar, fazer turismo ou outras atividades. Mas, como qualquer outro país, temos o direito de determinar quem pode entrar", afirmou Chertoff. "Não podemos deixar que quebrem a janela ou que entrem pela porta dos fundos." O secretário americano insistiu que boa parte dos imigrantes ilegais se torna vítima de crimes. "O muro não é a solução total. Mas é parte da solução para o controle do contrabando de drogas, de armas e de pessoas", completou.

CONTROLE DE CARGAS

Em sua visita ao Brasil, Chertoff insistiu especialmente no aprofundamento dos controles sobre as cargas que são movimentadas em portos brasileiros e têm os Estados Unidos como destino final.

Em 2003, por pressão de Washington e seus aliados europeus, os países fornecedores de produtos para o mercado americano foram obrigados a adaptar-se ao Código Internacional para a Proteção de Navios e Instalações Portuárias (ISPS Code), sob pena de verem suas exportações barradas pelos Estados Unidos.

Em conversa com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), Chertoff insistiu que é preciso mobilizar o setor privado para que ele imponha controles ainda mais severos sobre as cargas. Apesar de sua disposição de estreitar a cooperação e a troca de informações entre o Departamento de Segurança Interna dos EUA e as autoridades brasileiras, a mensagem do secretário reforçou a ameaça de possíveis restrições ao ingresso de produtos brasileiros no mercado americano.

"Comércio seguro é comércio livre", afirmou Chertoff. "Quanto mais exportações e quanto mais diversidade de produtos, mais seguros temos de estar sobre os bens que entram e saem do Brasil", acrescentou. "Se você não sabe o que está chegando a seus portos e aeroportos, alguma coisa ruim está acontecendo. Isso é o pior que pode acontecer no comércio exterior."

OESP, 27/07/2008, Internacional, p. A17

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