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Etnias debatem crise na saúde

CB, Brasil, p. 17
26 de Mar de 2006

Etnias debatem crise na saúde
Em conferência, povos vão discutir com a Funasa como deverá ser o atendimento médico nas aldeias

Paloma Oliveto

De amanhã até sexta-feira, a cidade de Rio Quente (GO), a 380km de Brasília, vai se transformar em uma grande aldeia indígena.
Seiscentos representantes de diversas etnias discutem, durante a semana, políticas públicas de saúde, uma das áreas consideradas mais problemáticas pelos próprios índios. Segundo o presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Paulo Lustosa, a 4ª Conferência Nacional de Saúde Indígena é um marco porque, pela primeira vez, os índios terão influência direta nas decisões. "Este é o encontro em que participação da representação indígena com voz e voto é a maior da história", diz Lustosa.
Além da gestão participativa, a conferência vai discutir segurança alimentar, direito à saúde e desenvolvimento sustentável. A Funasa também destaca a importância de debater as formas tradicionais de medicina indígena, o que Paulo Lustosa define como o rompimento da noção de uma "saúde de brancos para índios".
Um dos participantes da conferência é José Arão Marise Lopes, presidente da Associação de Saúde das Sociedades Indígenas de Grajaú, no Maranhão. Apenas em janeiro deste ano, cinco crianças da etnia guajajara, que habitam o estado, morreram por falta de assistência médica. "O Maranhão está estagnado em relação às políticas de saúde indígena. Falta medicamento, não há campanha de vacinação, e há meses algumas aldeias não recebem visita de médicos", relata.
O líder guajajara diz que uma as reivindicações que vai levar à Funasa é a instalação de outros dois distritos sanitários no estado. Lopes também quer que o órgão do Ministério da Saúde cancele o convênio com a Missão Caiuá, organização não-governamental evangélica escolhida pela Funasa para administrar os recursos voltados à saúde indígena no estado. O presidente da Funasa afirma que todos os problemas serão debatidos. "Só queremos que todos estejam desarmados, que não haja jogo de culpas, mas uma proposta construtiva", diz Lustosa.
Apesar das queixas, a Funasa vai apresentar indicadores que apontam para a melhoria no atendimento da saúde indígena entre 2000 e 2005. Os dados mostram que o número de servidores da área passou de 6,3 mil para 12,5 mil. Também houve aumento na rede de postos de saúde para atendimento dos índios, das Casas de Saúde Indígena e dos hospitais credenciados pela Funasa para prestar assistência médica à população indígena.

CB, 26/03/2006, Brasil, p. 17

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