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Estrutura obsoleta provocou o quarto apagão deste semestre

FSP, Mercado, p. B1
18 de Dez de 2012

Estrutura obsoleta provocou o quarto apagão deste semestre
Sistema que protege usina de Furnas funcionou, mas desligou várias linhas de transmissão
Aneel diz que sistema que conecta Norte/Nordeste com Sul/Sudeste, construído nos anos 1970, é defasado

DE SÃO PAULO DE BRASÍLIA DO RIO

A obsolescência da subestação de Itumbiara (GO), responsável pela conexão entre o Sudeste e Norte/Nordeste, foi a responsável pelo apagão que atingiu 12 Estados no último sábado, o quarto de grandes proporção apenas neste semestre.
A estrutura, projetada na década de 1970, está tecnologicamente ultrapassada, reconhece a Aneel, agência responsável pela fiscalização do setor elétrico.
"Aquele arranjo já não comporta a evolução do sistema", disse Nelson Hubner, diretor-geral da agência.
Segundo Fábio Resende, ex-diretor de Furnas e atual diretor do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico, a subestação foi projetada para atender a um cenário que não existe mais.
O problema é que sua reforma levaria um ano, um longo período para desligar um sistema que conecta o Norte e o Sul do país.
A agência disse que pediu ao ONS (Operador Nacional do Sistema) um levantamento sobre a situação de outras subestações. "[Queremos checar] se há alguma subestação desse jeito, com desatualização em termos de arranjo", explicou Hubner.
Segundo Resende, há outros três sistemas projetados no mesmo período, com a mesma configuração: Araraquara, Marimbondo e Cachoeira Paulista.
RAIO
O problema começou após um raio atingir uma área próxima à subestação de Itumbiara. O curto gerado pela descarga eletromagnética acionou o sistema de proteção da usina. Mas, além de desligar as turbinas, foram desligadas as linhas de transmissão que se conectam a essa subestação, levando a um "efeito dominó", que atingiu 12 Estados.
(AGNALDO BRITO, RENATA AGOSTINI e DENISE LUNA)

Térmicas podem ter que funcionar por mais tempo

DE SÃO PAULO

O baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste aumentou o risco de geração permanente de térmicas para evitar um racionamento em 2013.
O diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, afirmou que, apesar de os reservatórios das usinas hidrelétricas estarem no pior nível dos últimos dez anos no Sudeste, e bem próximo disso no Nordeste, não há risco de racionamento de energia no país em 2013.
Segundo ele, se for necessário, as usinas térmicas do país irão funcionar o ano inteiro, apesar de isso encarecer as contas de luz dos brasileiros.
"As chuvas já começaram, não há nenhum risco, estamos gerando todas as térmicas na base, elas vão continuar gerando até que as chuvas se efetivem", disse. "Se precisar manter térmica o ano inteiro, a gente vai manter, o custo mais alto é o do racionamento", afirmou.
Segundo Chipp, a presidente Dilma acompanhou ontem de perto a reunião em Brasília e quer saber as providências que estão sendo tomadas.
PREOCUPANTE
No fim de semana, o ONS informou que o nível de água nos reservatórios das usinas da região Centro-Oeste/Sudeste está a apenas 3,1% acima do mínimo classificado como seguro pelas autoridades do setor elétrico brasileiro.
Segundo Fábio Resende, diretor do Ilumina, o atual problema do Operador é que o a queda do nível dos reservatórios tem ocorrido mesmo com o acionamento de todas as termelétricas do país.
Ligada desde outubro, a geração térmica -cara e poluente- não tem sido suficiente para reduzir a geração hidrelétrica para a recuperação do nível dos reservatórios. Ela também pode afetar a redução na conta de energia em 2013 em, pelo menos, quatro pontos percentuais.
O país precisa começar a receber a partir de agora as chamadas frentes frias estacionárias que gerem chuvas abundantes sobre bacias hidrográficas importantes (como as do Paraná e do São Francisco).
(DENISE LUNA E AGNALDO BRITO)

FSP, 18/12/2012, Mercado, p. B1

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/84414-estrutura-obsoleta-provo…
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/84415-termicas-podem-ter-que-f…

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