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Estado das aves da Caatinga é avaliado

http://www.oeco.com.br
03 de Mar de 2011

Em João Pessoa (PA), onde fica localizado o Centro Nacional de Aves Silvestres, foi concluída a primeira oficina de avaliação do estado de conservação das aves brasileiras. Analistas e técnicos ambientais do Cemave (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres), do Instituto Chico Mendes analisaram 103 tipos diferentes de aves - a maioria endêmica da Caatinga - e concluíram que uma, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) - foi considerada extinta na natureza, duas criticamente em perigo, nove em perigo, cinco vulneráveis, sete quase ameaçados, nove com dados insuficientes e 70 em situação menos preocupante.

Ainda este ano, serão analisadas espécies da Amazônia, Cerrado e Pantanal. Meta é concluir até 2014 a avaliação de todas as aves brasileiras. Segundo dados do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO), são mais de 1.800 espécies.

As espécies foram avaliadas de acordo com as categorias e critérios da União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês).

Fizemos uma lista dos extintos, ameaçados, em perigo e os quase ameaçados para quem sabe, conhecendo melhor, consigamos preservar.

Extinta na Natureza

Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii)
Encontrada exclusivamente no Brasil. Originalmente a espécie ocorria no extremo norte da Bahia, ao sul do Rio São Francisco, na região de Juazeiro. Entrou na lista de extinta na natureza (EW) da IUCN. Só encontrada em cativeiro.

Criticamente em perigo

Soldadinho-do-Araripe (Antilophia bokermanni)
O soldadinho-do-araripe é a única ave endêmica do Ceará. É encontrado nos municípios de Barbalha, Crato e Missão Velha. Tal limitada distribuição o mantém desde sua descoberta, em 1996, na lista de criticamente ameaçados de extinção.

Em 2008 o ((o))eco publicou reportagem sobre esse importante pássaro e de um padrinho muito especial, saiba mais aqui.

Tiriba-de-peito-cinza (Pyrrhura griseipectus)
Também conhecido como periquito-cara-suja. É endêmica do Brasil, ocorre no Ceará e em Pernambuco. A principal ameaça à espécie é o tráfico de animais silvestres.

Em perigo

Beija-flor-de-gravata-vermelha (Augastes lumachella)
Ocorre localmente na cadeia do Espinhaço (Bahia e Minas Gerais).

Papa-formiga-do-sincorá (Formicivora grantsaui)
Endêmico no estado da Bahia, da Serra de Sincorá entre 850 a 1100 metros de altitude na Chapada Diamantina a qual faz parte da Serra do Espinhaço.

Formigueiro-do-nordeste (Formicivora iheringi)
Mede 11 cm de comprimento. É endêmica no Brasil, ameaçado por perda de habitat. Encontrada no interior da Bahia e Noroeste de Minas.

Arapaçu-de-wagler (Lepidocolaptes wagleri)
Ocorre em Minas Gerais e Bahia, se alimenta de insetos em árvores.

Borboletinha-baiana (Phylloscartes beckeri)
Vive no sudeste da Bahia, segundo o Wikiaves, - a enciclopédia de aves do Brasil - é encontrada em florestas em altitudes entre 750 e 1200 metros. Ocupa o estrato superior das florestas e segue bandos mistos.

Cara-dourada (Phylloscartes roquettei)
Ocorre próximo aos rios do Vale do São Francisco, em Minas Gerais. Ameaçada por perda de habitat, essa espécie foi descrita em 1928.

Gravatazeiro (Rhopornis ardesiacus)
Mede 19 cm de comprimento. Vive numa região de transição entre as florestas de montanha da Mata Atlântica e a caatinga, o que se conhece como mata de cipó. Também ameaçado por perda de habitat.

Tapaculo-da-chapada-diamantina (Scytalopus diamantinensis)
É endêmica da Chapada Diamantina, onde habita floresta e capoeiras, em altitudes entre 850 e 1600m.

Arapaçu-do-nordeste (Xiphocolaptes falcirostris)
Pertence a Família dos Dendrocolaptidae, é uma ave que se alimenta de insetos apanhados em árvores. Entre os Arapaçu (são 43 espécies conhecidas no Brasil), apenas o Arapaçu-do-nordeste está listado pelo IUCN como em perigo.

Vulneráveis
Vira-folha (Sclerurus scansor cearenses)
Arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari)
Jaó-do-sul (Crypturellus noctivagus zabelê)
Maria-do-nordeste (Hemitriccus mirandae)
Jacucaca (Penelope jacucaca)

Quase ameaçados
Chorozinho-de-papo-preto (Herpsilochmus pectoralis)
Papa-moscas-do-sertão (Stigmatura napensis bahiae)
Papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva)
Tico-tico-do-são-francisco (Arremon franciscanus)
Torom-do-nordeste (Hylopezus ochroleucus)
Pintassilgo-do-nordeste (Sporagra yarrellii)
Bacurau-do-são-francisco (Nyctiprogne vielliardi)

A pesquisa revelou ainda nove espécies com dados insuficientes (DD), são esses: O Rabo-branco-de-cauda-larga (Anopetia gounellei); Bacurauzinho-da-caatinga (Caprimulgus hirundinaceus); João-chique-chique (Gyalophylax hellmayri); Chorozinho-da-Caatinga (Herpsilochmus sellowi); Maria-preta-do-nordeste (Knipolegus franciscanus); Maria-preta-de-garganta-vermelha (Knipolegus nigerrimus hoflingi); Bico-virado-da-caatinga (Megaxenops parnaguae); Jacupemba (Penelope superciliaris ochromithra) e Choca-do-nordeste (Sakesphorus cristatus).

Como foi feita a avaliação

As análises foram realizadas em nível de espécie, seguindo-se a nomenclatura do CBRO de 2011. Como material de trabalho, utilizou-se a ficha de cada espécie e mapas de pontos de distribuição e polígonos. Nos casos em que uma subespécie ou população se encontrava com ameaças diferenciadas, declínio populacional, extensão de ocorrência ou área de ocupação muito restritas, optou-se pela avaliação da subespécie ou população.

A avaliação do estado de conservação das espécies é constituída por várias etapas, incluindo a compilação de dados na ficha das espécies, a elaboração de mapas a partir de registros existentes na literatura, a disponibilização para consulta pública e a realização de oficinas para avaliação do estado de conservação. Haverá ainda de ser analisada por um especialista em categorias e critérios da União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN).

Ao final, os participantes dividiram-se em quatro grupos para atualizar as fichas das espécies e submeter os artigos à publicação na Revista da Biodiversidade Brasileira do ICMBio. As fichas estarão disponíveis em breve no site do ICMBio na internet.

Apesar das alterações climáticas não terem sido incluídas no processo de avaliação das espécies, os participantes ressaltaram que é importante considerar essa possibilidade, sendo que mais estudos devem ser realizados para atestar a influência do aquecimento global na probabilidade de extinção dos táxons.

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