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Engenheiros de SP pedem: racionamento já

OESP, Cidades, p.C4
20 de Nov de 2003

Engenheiros de SP pedem: racionamento já
Para associações, adiamento pode levar à adoção de medidas ainda mais rigorosas

Mauro Mug

Racionamento já. É o pedido que a Associação dos Engenheiros da Sabesp e do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo faz com o objetivo de evitar o risco de ser decretado um rodízio muito mais rigoroso, em 2004, no Sistema Cantareira.
O alerta e outras sete reivindicações estão numa carta enviada há uma semana ao presidente da Sabesp, Dalmo do Valle Nogueira Filho.
Ontem, ao comentar o assunto, o superintendente da unidade de Negócios de Produção de Água da Sabesp, Paulo Massato, disse que "foi a manifestação emocional, leiga e sem embasamento técnico".
À noite, depois que a carta chegou aos meios de comunicação, a Assessoria de Imprensa da Sabesp distribuiu cópia de uma nova carta, desta vez com a retratação da associação dos engenheiros da empresa. "A opinião sobre o racionamento contida na referida carta, apenas expressa esse conjunto de preocupações da associação quanto a questão dos mananciais e deve ser entendida à luz da situação em que se encontrava no dia 11, data da emissão", informa o texto.
E finaliza: "Reiteramos a nossa confiança no acerto das avaliações técnicas hidrológicas, meteorológicas e de abastecimento e do gerenciamento da Sabesp quanto à postergação do racionamento face às chuvas que agora estão chegando aos mananciais".
A presidente da associação, Eliana Kitahara, não foi localizada ontem para comentar o assunto. Na agencia da Sabesp de Santo Amaro, funcionários informaram que, pela manhã, ela esteve reunida com a diretoria da empresa e disseram que à tarde não iria trabalhar.
Já o presidente do Sindicato dos Engenheiros do Estado, Murilo Celso de Campos Pinheiro, manteve sua opinião. "Nós demos sugestões, defendendo na ocasião o inicio imediato do rodízio no reservatório, pois acreditamos que, se a medida não for adotada agora, as represas não terão condições de se recuperar a tempo para a enfrentar o período de estiagem do ano que vem."
Ele entende que é necessário fazer um planejamento amplo, tendo em vista o abastecimento em 2010. Para o sindicato e a associação, "o problema da escassez de chuvas foi agravado a partir de 1999, em conseqüência dos poucos recursos aplicados pela Sabesp na adução, tratamento e reserva de água".
Queda - Ontem, o nível do Cantareira caiu 0,1 ponto porcenteal e ficou com 3,1% de sua capacidade. A queda começou a se acentuar em maio, quando o nível reais alto do manancial no mês chegou a 46.7%. Era junho, passou para 41,7% e em julho, para 35,1%, terminando o mês com 27,7%, segundo a Sabesp.
De acordo com a empresa, o parâmetro para a adoção ou não de um racionamento não é o nível das represas, mas a época do ano em que esses números são registrados, principalmente no período de estiagem.
Por isso, em 2000, quando o nível do Sistema Guarapiranga chegou a 41,1 % o no dia 1. de Junho, em plena estiagem, a empresa não teve dúvidas em determinar o racionamento.
Até agora, no entanto, o mesmo critério não foi adotado no Cantareira. Segundo o gerente de Controle de Abastecimento, Amauri Pollachi, isso não ocorreu porque os sistemas são diferentes. De acordo com ele, os reservatórios do Cantareira são quatro vezes e meia maiores que o do Guarapiranga.

OESP, 20/11/2003, Cidades, p. C4

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