Folha Online
29 de Jan de 2008
Três das 8 antas que viviam no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro morreram atropeladas na rodovia Evádio Paulo Broering, no município de Palhoça (SC), nos últimos quatro meses. A última morte, de acordo com o capitão da Polícia Ambiental de Santa Catarina, Emiliano Gesser, ocorreu há cerca de duas semanas.
Gesser informa que desde fevereiro do ano passado vem alertando Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina, responsável pela unidade de conservação, que animais estavam fugindo do parque e causando acidentes na estrada.
Depois de um ano, duas capivaras e as três antas mortas por atropelamentos na rodovia, a situação continua a mesma. Os animais do parque ainda fogem por buracos existentes na cerca que protege a reserva ou que eles próprios fazem.
De acordo com Gesser, além da morte dos animais, os atropelamentos também causaram danos em veículos e deixou pessoas feridas. "Um motociclista teve fratura na clavícula após bater em uma capivara", conta o policial.
"Chegamos ao ponto em que precisávamos tomar alguma providência para evitar que mais animais morressem e também que não colocassem em risco a vida de outras pessoas", afirma Gesser, que diz ter feito novos alertas à instituição responsável pelo parque sempre que outros animais apareciam mortos na rodovia.
Ele alega ter recebido como resposta do seu primeiro comunicado a informação de que o parque iria entrar em contato com o Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes) para colocar placas na rodovia alertando para a presença de animais silvestres na pista.
Antas
As antas atropeladas na rodovia são alvos de pesquisa financiada pela Fapesc (Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina) no Parque da Serra do Tabuleiro.
De acordo com a fundação, a espécie já esteve ameaçada de extinção no Brasil, mas conseguiu se multiplicar, embora ainda continue na lista vermelha da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês).
O projeto desenvolvido em SC, informa a Fapesc, visa reunir dados com o objetivo de desenvolver ações de conservação, melhorias das condições de cativeiro e iniciativas de re-introdução de antas ao ambiente natural.
A instituição informa que no início do projeto havia cinco antas adultas e três filhotes. Das 8, 4 eram machos e 4 fêmeas. Todos descendiam de dois animais que foram trazidos de Rondônia.
Outro lado
Ouvido pela reportagem da Folha Online a respeito das mortes dos animais, o diretor de Proteção de Ecossistemas da fundação ambiental, Gilmar Edson Koeddermann, afirmou que tomou conhecimento do fato há cerca de uma semana.
Ele explica que assumiu a diretoria no fim do ano passado e que, assim que soube do caso, reuniu-se com a câmara técnica da instituição para definir quais ações seriam tomadas. "Não tenho como tomar uma atitude imediata porque dependo de uma burocracia do Estado", alega.
De acordo com o site da instituição, o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro é a maior unidade de conservação no Estado. Ocupa aproximadamente 1% do território de Santa Catarina, com uma extensão de 87.405 hectares.
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