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Eletrobrás e State Grid farão linha de Belo Monte

OESP, Economia, p. B4
08 de Fev de 2014

Eletrobrás e State Grid farão linha de Belo Monte
Consórcio, no qual o grupo chinês tem 51%, venceu leilão da Aneel com deságio de 38%

André Magnabosco
Luciana Collet

O consórcio IE Belo Monte, formado pela empresa chinesa State Grid (51% de participação) e pelas companhias brasileiras Eletronorte (24,5%) e Furnas (24,5%), controladas pela Eletrobrás, foi o vencedor do leilão da linha de transmissão de Belo Monte, realizado na manhã de ontem pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O grupo ganhou o leilão ainda na primeira etapa da disputa, com uma oferta de Receita Anual Permitida (RAP) de R$ 434,647 milhões - um deságio de 38% em relação ao valor máximo estabelecido pela Aneel, de R$ 701 milhões.
Venceria o leilão quem apresentasse o maior deságio. Com uma proposta agressiva, o consórcio liderado pelos chineses saiu vencedor. Também participaram do certame o consórcio BMTE, formado por Taesa e Alupar, cada uma com 50% de participação, e a Abengoa.
O chamado linhão de Belo Monte terá 2,1 mil quilômetros de extensão e será responsável por escoar a energia produzida pela Usina de Belo Monte para a Região Sudeste. Estima-se que o investimento do projeto totalizará cerca de R$5 bilhões.
O lote leiloado ontem é composto por duas subestações conversoras, no Pará e em Minas Gerais, e por linhas de transmissão que passarão pelos Estados do Pará, Tocantins, Goiás e Minas Gerais, partindo de Xingu (PA) até o município mineiro de Estreito.

Financiamento. O BNDES será a principal fonte de recursos para o linhão de Belo Monte. De acordo com José da Costa Carvalho Neto, presidente da Eletrobrás, de 50% a 55% do financiamento virá do BNDES. A chinesa State Grid deverá injetar cerca de 10% do valor. O restante deve ser captado com o FI-FGTS e por meio de emissão de debêntures.
O projeto foi dividido pelo consórcio vencedor em oito lotes, por isso várias construtoras participarão do empreendimento. Carvalho não revelou o nome das empresas.
A Siemens será responsável pelo fornecimento dos conversores, em um acordo avaliado em cerca de R$ 2 bilhões. O valor total do projeto, cogitado entre R$ 4,5 bilhões e R$ 5 bilhões, deve ficar mais próximo dos R$ 4,5bilhões, segundo Carvalho. O valor do investimento será proporcional à participação de cada empresa no consórcio.
Carvalho destacou que o projeto prevê a utilização dos equipamentos disponíveis no Brasil. Quando não houver disponibilidade local, o consórcio tentará garantir um porcentual mínimo de 60% de conteúdo local em sistemas que necessitem de partes importadas. Além disso, é previsto que testes de equipamentos possam ser realizados em laboratório no Brasil. As decisões do consórcio devem ser tomadas por consenso.
Cronograma. O diretor da Aneel André Pepitone disse ontem que o calendário de leilões do segmento de transmissão será intenso este ano. Após Belo Monte, há um segundo leilão marcado para 9 de maio que deve contemplar 13 lotes, com 2,5 mil quilômetros de linhas, e investimento total estimado de R$ 4,5 bilhões. "Então veremos no primeiro semestre R$ 10 bilhões de investimentos só em linhas de transmissão", disse Pepitone, referindo-se ao fato de que o lote de ontem tem obras orçadas em R$ 5,1 bilhões.
Além desse leilão, está previsto um para julho, com mais 5 lotes de transmissão e investimentos de R$ 1 bilhão.
Globalização. A Eletrobrás está prestes a dar o segundo passo em sua participação no setor elétrico mundial. Após o projeto de construção de uma usina no Uruguai, em parceria com a Usinas y Transmisiones Eléctricas de Uruguay (UTE), a estatal brasileira negocia com a chinesa State Grid a participação em um empreendimento de transmissão na África avaliado em cerca de R$ 5 bilhões.
"A parceria com a State Grid deve se repetir em outros países", revelou ontem o presidente da Eletrobrás, José da Costa Carvalho Neto, após o leilão da linha de transmissão de Belo Monte. / COLABOROU WELLINGTON BAHNEMANN

Para presidente da Eletrobrás, não há sistema imune a raios
 
A linha de transmissão leiloada ontem, que escoará a energia da hidrelétrica Belo Monte para a região Sudeste, é mais segura contra a incidência de raios do que outras linhas existentes no Brasil, destacou o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto. O executivo, contudo, evitou assegurar que a linha seja "à prova de raio". Na quinta-feira, após o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) admitir que uma descarga atmosférica poderia ter provocado o apagão de terça-feira no País, a presidente Dilma afirmou que o sistema elétrico brasileiro é imune aos raios, e que, se houve algum problema nesse sentido, foi falta de manutenção.
Por conta dos desgastes já provocados, o executivo foi cauteloso ao falar sobre o tema. "De vez em quando acontece desligamento, mas grande parte desses desligamentos não causa interrupção. Diria que pretendemos, a cada dia, fazer todas as blindagens possíveis de tal maneira que tenhamos um sistema imune a raios. Mas alguma coisa sempre acontece, especialmente quando a tensão é menor", disse Carvalho, confirmando a teoria de que não existe sistema energético completamente imune aos raios. De acordo com o presidente da Eletrobras, na rede de distribuição de energia, onde a tensão é menor, há maior vulnerabilidade. / A.M. e L.C

OESP, 08/02/2014, Economia, p. B4

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