'El Paìs' destaca relação entre Estado e empreiteiras na construção de Belo Monte

'El Paìs' destaca relação entre Estado e empreiteiras na construção de Belo Monte

Jornal do Brasil

Em uma publicação nesta quinta-feira (9/7), o jornal El País destaca que a corrupção no Brasil, atualmente, culmina em uma relação "explosiva" entre Estado e empreiteiros, no âmbito da operação Lava Jato, da Polícia Federal. A Petrobras, segundo o periódico, está na mira das investigações.
O artigo, assinado pela correspondente do veículo no Brasil, Eliane Brum, enfatiza que existem elementos para suspeitar que as ligações entre os setores público e privado também podem ser encontradas na construção da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, na Amazônia. Neste ponto, a reportagem destaca que o investimento foi feito no democrático governo do Partido dos Trabalhadores (PT) e deve "amarrar as pontas soltas na história recente do país", que mostra uma coleção de males sociais que forçam a uma interpretação relacionando a corrupção com um ato de extermínio".
Segundo o El País, a hidrelétrica expõe as entranhas de um tipo de operação que foi consolidada durante a ditadura e passou vários governos democráticos, permanecendo até hoje. Os convênios públicos privados representam a chave para entender o dossiê "Belo Monte Dossiê: Não há condições para a Licença de Operação", lançado no final de junho pelo Instituto Socioambiental. "Sabemos que o dinheiro que desaparece na corrupção no Brasil, está faltando para o saneamento, educação e saúde, bem como outros investimentos prioritários", diz o artigo.
O jornal cita um anúncio recente do Tribunal de Contas da União (TCU) de uma investigação sobre o uso de fundos públicos na construção da hidrelétrica de Belo Monte e considera como "boa notícia", apesar de atrasada. Destaca também que a pesquisa do TCU tem como origem um pedido do Ministério Público Federal no âmbito da Lava Jato, que trata de desvios de recursos da Petrobras e que envolve nomes das mesmas empreiteiras responsáveis pela construção de Belo Monte.
"Um dos informantes de Operação Lava Jato, Avancini Dalton, presidente da empresa de construção civil Camargo Corrêa, como afirma em uma de suas declarações que o contratante concordou em pagar um suborno para o PMDB, na ordem de R$ 20 milhões, para participar na construção da usina", destaca. O El País informa que o custo da energia hidrelétrica, de acordo com TCU, é estimado em R$ 33 bilhões (9.538.000 de euros). Na época do leilão, foi orçada em R$ 19 milhões. A maioria desses recursos são oriundos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O jornalista enumera na sua reportagem o legado que Belo Monte deixou para o Brasil, enfatizando que o momento é crucial, pois a hidrelétrica espera que o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) conceda a Licença de Operação.

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